Muitos destes eventos contam com o apoio das câmaras municipais, têm entrada gratuita e ajudam a economia local. É o caso do Rock Nordeste, que começa esta sexta-feira em Vila Real.
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Verão também é sinónimo de festivais de música. Desde os milionários dos grandes centros urbanos, aos mais modestos de vilas e cidades do Interior. Todos movimentam milhares de pessoas e animam as economias regionais. Acontece também em Trás-os-Montes, onde a maior parte até tem acesso gratuito. Um deles é o Rock Nordeste, que começa hoje, em Vila Real.
A vereadora da autarquia vila-realense Mara Minhava salienta que, a cada ano que passa, o Rock Nordeste tem “maior adesão de locais e forasteiros”. A autarca acredita que muitos “colocam na agenda” este festival pelo “ambiente” do local onde se realiza, o Parque Corgo. “Se gostamos do concerto, podemos ir para mais perto do palco, senão podemos ficar ao lado a saborear uma bebida e a conviver”, acentua.
Mara Minhava realça o facto de o festival ser “gratuito” para o público, o que ajuda a que seja “convidativo para pessoas de todas as idades”. Aliás, é isso que a autarquia pretende, “que seja um festival com todos e para todos”. Apesar de ser de entrada livre, José Meireles, chefe dos serviços de animação e turismo da autarquia, adverte que o recinto está vedado e que, “por questões de segurança”, há controlo à entrada.
Bandas pouco conhecidas
Rui Araújo, diretor do Teatro de Vila Real, foi um dos responsáveis pela escolha dos artistas. Explica que houve a preocupação de “selecionar bandas da região, que, sem qualquer favor, foram consideradas de interesse nacional pela qualidade artística e originalidade”. Com estas e as que já têm nome nacional consegue-se “um festival com uma componente jovem muito grande”, sem deixar de ser, segundo Araújo, “um festival familiar”, que tem um orçamento de 130 mil euros.
Outro de entrada gratuita é o que a Câmara Municipal de Alijó organiza no parque da vila, em parceria com a Junta de Freguesia, em meados de julho, e que procura ter sempre bandas pouco conhecidas em Portugal, apesar de famosas nos respetivos países. Este ano, o Sons no Parque, com um orçamento de 70 mil euros, tem grupos de Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Suíça.
70% ficam na região
“É um festival muito diferenciado em termos de sonoridades, como rock, blues, soul, funk e punk, que não é tão habitual de se ouvir, nomeadamente no Douro”, explica a vereadora alijoense Mafalda Mendes. Com mais pessoas no concelho durante dois dias, “há mais agitação com impacto na economia local”.
Este um cenário semelhante ao que Diogo Martins, da Associação Indieror, está à espera para mais uma edição do Festival N2, em Chaves, no final de julho e início de agosto, com um orçamento de 190 mil euros. “Desse orçamento, 70% ficam na região”, afiança. É um evento que se realiza no Jardim Público, com entrada gratuita e com “identidade reconhecida”, ou não estivesse ele inspirado na Estrada Nacional n.° 2, que liga Chaves a Faro pelo Interior, ao longo de quase 740 quilómetros.
Diogo Martins revela que este ano não vai haver “palco-viagem” a circular pela cidade, mas haverá “palco-paragem”, no Jardim Público, para, ao final de cada tarde, “promover os artistas da região”.
A organização, que tem o suporte financeiro para o evento da Câmara Municipal de Chaves, procura chegar a todo o tipo de públicos. “Este ano arriscámos um pouco mais e temos concertos direcionados para nichos, mas ao mesmo tempo para abranger mais pessoas”, nota Diogo Martins.
Nas mesmas datas do “Festival N2” acontece o Zigurfest, nas ruas de Lamego, um evento “com atmosfera familiar e para toda a gente”, que “mexe com a cidade” e que “nunca repetiu um nome no cartaz”.
“Aparecem sempre tantos projetos novos e com tanto valor que desafiamos os festivaleiros a virem conhecer coisas diferentes”, assegura António Silva, da associação local Zigur. Conta com o apoio financeiro da câmara lamecense e da Direção-Geral das Artes para um orçamento de “cerca de 50 mil euros”.
A pagar
Os dois festivais que acontecem no concelho de Vila Pouca de Aguiar não têm entrada gratuita. Quer o Artimanha Festival de Artes, agendado para o primeiro fim de semana de julho junto à Lagoa do Alvão, quer o Pedras Sounds Festival, nas Pedras Salgadas, em meados de agosto, têm acesso geral que custa 25 euros.
O Pedras, cujo orçamento ronda os 110 mil euros, é promovido pela Associação de Desenvolvimento Sociocultural local. “O nosso festival é para agradar dos oito aos 80 anos”, refere Luís Pereira, que também destaca um “importante impacto no comércio da vila”. Para o efeito, tem-se procurado manter o evento perto do núcleo urbano.
José Miguel Carvalho, da Companhia de Arte e Cultura Animódia, que organiza o Artimanha com um orçamento de 45 mil euros, diz que este ano o tema é “cultura, comunidade e território”. O festival tem “forte ligação à natureza e à comunidade”, mantendo a aposta em “músicos nacionais e internacionais”. O diretor artístico sublinha que se trata de um evento, “com forte impacto na economia local”, direcionado “para famílias, para quem gosta de música com diferentes sonoridades”, a tal ponto que este ano a diversidade vai desde o folclore português ao funaná”.
Teatro de Vila Real está “Do Lado do Verão”
O Teatro de Vila Real fica, a partir de hoje, “Do Lado do Verão”. O auditório exterior recebe Rita Vian e Samuel Úria, hoje e amanhã. Em julho, no mesmo palco tocam os Lavoisier (dia 12) e Milhanas (26). Em agosto, vai receber o projeto internacional The Naghash Ensemble (dia 1), que leva ao palco sons da Arménia Antiga reinventados para o século XXI. O concerto de Ethno Portugal (dia 8), tem lugar no Largo da Capela Nova e junta cerca de três dezenas de músicos de 15 países. O teatro recebe, no dia 9, Cara de Espelho, que junta músicos dos Deolinda, Gaiteiros de Lisboa, A Naifa e Ornatos Violeta.
Roteiro
Vila Real
Rock Nordeste, 20 e 21 de junho, com Samuel Úria, Capicua, Pluto, Club Makumba, Rita Vian, Aguapurga, Dan’s Revival, Xinobi e Miguel Rendeiro.
V. Pouca Aguiar
Artimanha Festival de Artes, 4 a 6 de julho, Lagoa do Alvão, comEmmy Curl, Jhon Douglas, Fogo Fogo, Brama, Sons do Douro e Acrepes.
Alijó
Sons no Parque, 18 e 19 de julho, com Tito Ramirez, Lehmanns Brothers, Dirty Sound Magnet), The Slow Show, Ko Ko Mo e Them Flying Monkeys.
Chaves
Festival N2, 31 de julho, 1 e 2 de agosto, com Mão Morta, Mundo Segundo & Sam The Kid, Dino D’Santiago, Margarida, Dan’s Revival, Redoma e Makumba.
Lamego
Zigurfest, 31 de julho, 1 e 2 de agosto, com Banda Marcial de Cambres & Jerry The Cat, Cárin Geada e Cristina, Planas Leitão, Bá Álvares, Oro Iris e Portas Prá Vida, e Rafeiro.
Pedras Salgadas
Pedras Sounds Festival, 15 e 16 de agosto, com We are the 90's Show com Non Stop e o Melão, Remember Blondie com Gil Sanches e DJ Rullez, Piruka com Guga & Mun & Gama e Kura.