Há 14 propostas para ver e ouvir até ao dia 27. Orquestra de Havana é um dos grandes destaques da 47.ª edição.
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“A música entra no ouvido e manifesta-se na alma”. A frase, escrita por um dos meninos da casa, dá o mote. A sala está cheia de olhos e ouvidos diferentes. A Orquestra de Cordas da Escola de Música da Póvoa de Varzim está a postos. A 47.ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim arrancou de forma especial: um concerto no MAPADI (Movimento de Apoio a Pais e Amigos ao Diminuído Intelectual), a mostrar que “toda a gente merece sentir a música”, diz o diretor e pianista Raul da Costa.
A partir de hoje e até dia 27, há 13 concertos, uma conferência, masterclasses, recitais, um concurso de composição e um concerto final “muito especial” na nova Póvoa Arena.
Nos últimos anos, a Póvoa cresceu. O festival também. A cada ano, Raul escuta a cidade e é com essa banda sonora no ouvido que dá corpo ao cartaz. Sempre com a preocupação de trazer algo novo, dar palco a jovens artistas, acolher os filhos do festival, espalhar a festa pela cidade e chegar, a cada ano, a mais público.
“É um ano marcado pelos grandes agrupamentos. Temos cinco orquestras: duas portuguesas, uma alemã, uma afegã e uma cubana”, afirmou ao JN Raul da Costa, que há seis anos dirige o certame.
Hoje à noite, a Folkwang Kammerorchester, jovem orquestra alemã que tem sido trampolim para muitos músicos, abre o festival, dividindo o palco com a soprano russa Julia Lezhneva. Segue-se, amanhã, a Orquestra Gulbenkian, com a japonesa Momo Kodama ao piano. No dia 18, o Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim estreará uma das encomendas do festival: “Passiflora”, da jovem compositora poveira Fátima Fonte.
Afegãos em foco
A Orquestra Jovem Afegã atua dia 19 e está este ano em destaque. Encontraram abrigo em Portugal. São símbolo de resistência e esperança. Misturam instrumentos tradicionais e ocidentais. Dirigida pelo português Tiago Moreira da Silva, é a música, mais uma vez, a construir pontes e unir culturas.
A fechar o festival, no dia 27, alerta Raul da Costa, está “o concerto que não se pode mesmo perder”: o primeiro grande teste ao novo multiusos Póvoa Arena, que acolhe a Orquestra Del Lyceum de La Habana e a trompista Sarah Willis, para uma fusão tão improvável quanto extraordinária de Mozart e mambo. “São culturas mais distantes da nossa, mas não quer dizer que a mensagem seja assim tão diferente”, frisa o pianista, sorrindo ao “grande desafio”, que é o concerto para mais de 2500 pessoas.
O diretor aponta ainda mais dois focos: dia 15, o agrupamento La Néréide, fundado pela soprano Ana Vieira Leite; e o Quarteto Verazin e a soprano Beatriz Patrocínio (Prémio Jovens Músicos 2024 ) que, dia 23, se juntam à bailarina poveira Sara Garcia (Prémio SPA 2022).
No MAPADI, “A marcha de São Pedro”, de Antoninho Marta, e “Saudades do mar”, de Énio Ramalho, põem a sala em rodopio, entre violinos, violoncelos, viola d’arco, trompete, piano e percussão. Raul sorri. O festival dá mais um passo: leva a música a todos e prova que clássico não é sinónimo de elite.