Como todos os anos, na última semana de janeiro, o Festival de Banda Desenhada de Angoulême anuncia os vencedores dos troféus Fauve.
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Este ano, apesar da pandemia, não foi exceção, mas tudo foi diferente. Com a edição presencial adiada para junho, de 24 a 27, se for possível, o festival teve agora apenas dois momentos: a exposição do Grande Prémio do ano passado, Emmanuel Guibert, que excecionalmente ficará patente no museu da cidade até 27 de junho, e a sessão de entrega dos seus prémios. Esta última, como sempre realizada no teatro local e transmitida online, foi apresentada pelo humorista VDB e teve apenas uma vintena de jornalistas, devidamente distanciados, no lugar do público.
Como tem sido norma nos últimos anos, o júri, desta vez presidido por Bênoit Peeters, argumentista da série "As Cidades Obscuras" e especialista na obra de Hergé, distinguiu obras mais alternativas, com especial atenção para os romances gráficos.
O Fauve d'Or, para melhor álbum de 2020, distinguiu "L'Accident de Chasse", de David L. Carlson e Landis Blair, a história de um poeta cego que justifica ao filho as razões para a sua cegueira e a sua situação de pai ausente com um rol de mentiras.
O júri atribuiu ainda uma menção especial a "Dragman", de Steven Appleby, a história de um travesti que voa quando se veste de mulher.
"Paul à la maison", de Michel Rabagliati, uma espécie de autobiografia sombria, foi distinguido como Melhor Série, enquanto que o Prémio do Património foi entregue a "L'Éclaireur: Récits Gravés" de Lynda Ward, uma obra de 1929 precursora do romance gráfico como o entendemos hoje. O Prémio Revelação foi para Maurane Mazars, por "Tanz!", que transmite ao papel a evolução de um jovem aluno de uma escola de dança moderna.
A preferência do público recaiu sobre "Anaïs Nin, sur le mer des mensonges", de Léonie Bischoff, uma biografia livre da escritora, enquanto um júri autónomo do festival optou por "GosT111", como melhor obra policial.
Finalmente, o prémio René Goscinny, que evoca o pai de Astérix e distingue um argumentista pelo conjunto da sua obra, foi atribuído a Loo Hui Phang, uma autora natural do Laos, mas que cresceu em França. Entre as suas obras conta-se "Cent mille journées de priéres", uma viagem iniciática que conta o genocídio no Cambodja visto pelos olhos de uma criança.
Face à impossibilidade de encontro em Angoulême de editores, autores e público, na 48.ª edição do evento, devido à pandemia da covid-19, o mercado de direitos funcionou online e o próprio festival, bem como algumas editoras, organizaram uma programação não-presencial que, até domingo, inclui entrevistas, conversas e até sessões de autógrafos com os autores.