Certame vai realizar-se de 6 a 17 de julho, de novo sem portugueses na competição.
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A 73ª edição do Festival de Cannes vai mesmo realizar-se. Depois de em 2020 ter sido cancelada devido à pandemia, anunciando-se apenas uma meia centena de filmes a que foi colocado o carimbo Cannes 2020, e das condições sanitárias impedirem o evento de se desenrolar como habitualmente em maio, o certame vai mesmo ter lugar, de 6 a 17 de julho.
Havia, em todo o caso, quem duvidasse da possibilidade do festival se realizar e quem falasse de um plano B que consistiria em adiá-lo para setembro, mas o alívio das condições sanitárias em França levou a direção deste momento alto da temporada cinéfila a ir em frente com a sua organização. Adiada também uma semana, alegadamente por haver um grande número de títulos a discutir, teve lugar ontem a habitual conferência de imprensa de apresentação do programa oficial.
Thierry Frémaux, responsável pela programação, referiu terem sido vistos cerca de dois mil títulos de longa-metragem, correspondendo a um ano e meio de cinema mundial visto que, em França como em muitos outros países, as rodagens não foram interrompidas. E vai haver filmes sobre a pandemia, com personagens com máscaras, no que ficará como um registo para o futuro do que têm sido estes anos de 2020/2021.
Em mais um ano sem portugueses em competição - o último foi "Juventude em marcha", de Pedro Costa, em 2006 - e sem a Netflix, que não aceita a regra do festival de estrear em sala todos os filmes a concurso, serão 23 as obras candidatas à Palma de Ouro.
Da lista, a que pode ser acrescentado mais tarde ainda um outro título, destacam-se "Annette", de Leos Carax, a abrir o festival; "Benedetta", de Paul Verhoeven; novos trabalhos de vencedores anteriores de Cannes, como Nanni Moretti, Jacques Audiard e Apichapong Weerasethakul; quatro filmes realizados por mulheres, as francesas Catherine Corsini, Mia Hansen-Love e Julia Ducournau e a húngara Ildiko Enyedi; e filmes de presenças habituais na Croisette como Bruno Dumont, Wes Anderson, François Ozon e Asghar Farhadi. A Leopardo Filmes anunciou já a distribuição em Portugal de cinco dos filmes em competição: os de Verhoeven, Ozon, Dumont, Audiard e Enyedi.
Além das habituais sessões especiais e da meia-noite, a seção Un Certain Regard retoma o espírito original da sua criação por Gilles Jacob, destinada à descoberta de novas vozes, sendo igualmente criada uma nova seção, Cannes Premiere, com filmes de autores consagrados que, não tendo espaço na competição, queiram mesmo assim apresentar as suas novas criações. Assim, todas as secções paralelas incluídas, poderão ser vistos trabalhos de autores como Oliver Stone, Sergei Loznitsa, Todd Haynes, Arnaud Desplechin e Hong sang-soo.
Na próxima semana serão anunciados os filmes da Quinzena dos Realizadores, da Semana da Crítica, e de Cannes Classics, destinado a obras do património. Além das curtas-metragens em competição, uma última esperança para uma nova presença portuguesa no festival francês.
A partir de 30 de junho a França permite a ocupação integral dos lugares nas salas de espetáculos, pelo que não haverá cadeiras vazias entre dois espetadores. Além disso, para entrar nas salas será necessário mostrar um documento comprovativo de uma vacinação completa terminada há mais de 14 dias, um certificado de imunidade ou um teste negativo com menos de 48 horas. O festival garante a realização de testes rápidos e gratuitos.