O Festival Internacional de Marionetas do Porto começa oficialmente esta sexta-feira, mas já há sessões escolares no Teatro do Campo Alegre. Os primeiros espectadores já descobriram o planeta "Astra 8".
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10.15 horas da manhã e a fila de espectadores já se acumula diante do Teatro do Campo Alegre, no Porto, cuja fachada está em obras e suscita a curiosidade dos mais pequenos. Os alunos do Colégio Crescer na Rua, com os seus coletes refletores, observavam com particular curiosidade - o seu "uniforme" é igual ao dos "senhores das obras". Já os alunos do Colégio Nossa Senhora de Lurdes, nos seus uniformes azuis e um pouco mais "crescidos", cumprimentam efusivamente Rute Pimenta, do serviço educativo do Teatro Municipal do Porto. "Uiii, que saudades", diziam entre abraços, mostrando o poder que o teatro tem na criação de novos laços e amizades.
Enquanto aguardam pelo primeiro espetáculo do Festival Internacional de Marionetas do Porto, "Astra 8", vão vendo e manuseando alguns dos livros emprestados pela Biblioteca Municipal Almeida Garrett especialmente escolhidos para a temática que ali se vai abordar: planetas, astros, espécies.
Como já são habituis do Campo Alegre, conhecem bem as regras de como ir ao quarto de banho, antes do espetáculo, não fazer barulho durante a performance e sentar-se ordeiramente. Ainda assim, uma professora não resistiu a dar o recado: "O primeiro que não se souber comportar, sai pela porta, sem aviso prévio".
Devidamente instalados em almofadas e nas bancadas, entraram num louco laboratório, gerido por cientistas italianas que iam descrevendo aos congéneres portugueses de palmo e meio as suas descobertas. O facto de Contanza Givone, coreógrafa e performer de "Astra 8", narrar parte do espetáculo em italiano leva os mais novos a fazerem brincadeiras linguísticas - como quando pergunta "tutti" e põe o público a gritar "tutti-frutti".
Com material simbiótico recolhido no planeta Astra 8, os pequenos espectadores começam a gerar várias espécies de "punga punga": animais aéreos, terrestres e aquáticos. Mas, deste cruzamento interespécies em que aparecem animais alados, às vezes a entropia instala-se, como um animal voador que decide sair para fora de cena, perante os gritos de toda a plateia. As cientistas, no entanto, muito confiantes sobre a sua prestação, repetem: "Eu sou mesmo boa" e decidem fazer um número musical com pistolas de bolinhas de sabão, perante a histeria generalizada.
Como em todas as experiências, mesmo as de cientistas vestidas de organza e cores fluorescentes, o risco de erro é muito grande. Um polvo gigante com cruzamentos de baleia, piolho e tubarão cresce desmesuradamente e toma conta do laboratório, que precisa de encerrar as suas portas, depois de ser tomado por este mutante, e por outros cujo crescimento fica descontrolado.
"Mas isto afinal é um espetáculo de terror?", grita Maria. Não, mas tem o carrossel das emoções bem calibrado para a animacidade dos mais novos.
Como em todas as sessões escolares, o público tem direito a perguntas no final. Todas as dúvidas destes primeiros espectadores são técnicas: como aparecem e desaparecem as marionetas, como se mexem, ou como se faz a espuma são as questões que mais intrigam os mais novos.
"Astra 8" pode ser visto pelo público geral do Festival Internacional de Marionetas do Porto já este sábado, às 16 horas, no Teatro do Campo Alegre. O Festival prossegue até ao dia 19 de outubro.