Há renovação, mais salas, novas secções e acima de 300 filmes na festa do cinema independente. Começa esta quinta-feira e vai até dia 30.
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Novos espaços, filmes na piscina, mais de 300 obras para ver em pouco mais de uma semana: o Indie Lisboa arranca hoje para uma edição comemorativa dos 20 anos, com vários acréscimos e "um cartaz mais forte do que nunca", diz a direção do festival.
Em 2023, as novidades começam pela localização: além das salas habituais do Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca e Cinema Ideal, juntam-se este ano o Cinema Fernando Lopes e a Piscina da Penha de França, neste caso para uma sessão de cinema dentro de água. Há também novas experiências para descobrir, como o Indie Date, naquela que será a edição com mais filmes: 314 no total.
O festival abre com "Something you said last night", da realizadora Luis De Filippis, um filme que recupera a atmosfera do cinema indie americano e que acompanha uma personagem trans, focando o enredo nas relações humanas e familiares. O encerramento fica a cargo do novo filme de Dustin Guy Defa, "The adults", com Michael Cera como protagonista.
Pelo meio, as novidades são pontos de realce, tal como novas secções "que envolvem uma programação em rede com outros festivais", adianta ao JN Susana Rodrigues, da direção. Destaque ainda para o Indie Lab, um novo laboratório de desenvolvimento de projetos que "pretende incentivar a criação de novos imaginários e melhorar os diálogos sobre inclusão e representação no cinema", assim como o Prémio Mutim, que irá destacar um filme da secção Novíssimos que contribua para contrariar estereótipos, frisa a mesma fonte.
Filmes de João Canijo em antestreia
A Competição Nacional é este ano forte, e inclui o díptico de João Canijo "Viver mal"/"Mal viver", em antestreia nacional após a consagração com o Urso de Prata de Berlim. Estão previstas seis longas metragens, três médias metragens e 16 curtas portuguesas, com destaque também, entre outros, para o novo filme de Catarina Mourão, "Astrakan 79", sobre um jovem em rutura ideológica com o comunismo dos pais.
Já o segmento Foco Silvestre dedica o seu programa ao Trabalho e ao Movimento Sindical, com participação do projeto FilMar. Nas Sessões Especiais, onde se incluem os filmes de abertura e encerramento, o foco recai em "Orlando, ma biographie politique", de Paul B. Preciado, filme-sensação do Festival de Berlim, a partir do clássico de Virginia Woolf. Volta também a Novíssimos, secção competitiva com filmes de jovens cineastas que se estão a iniciar na arte: este ano são 18 curtas, algumas feitas em contexto escolar ou sem apoios.
Tempo e espaço ainda para os segmentos Indie By Night, IndieMusic (dedicado aos 50 anos do hip-hop, com curadoria de Sam the Kid, e o filme "Little Richard: I am everything"), o Indie Júnior com uma programação extensiva para os mais novos, bem como os espaços Retrospetiva, Smart7, Director"s Cut e Boca do Inferno.
Quanto ao Indie Date, a experiência inclui um bilhete especial que cria um formulário, a analisar depois pelo "departamento de compatibilidade" do Indie Lisboa, que criará "matches" de encontros entre espectadores para o filme "After" e uma festa.
No global, a expectativa é de celebrar os 20 anos do festival "sem cair na nostalgia e com os olhos postos no futuro", com vontade "de partir para os próximos 20 anos, sair do molde do esperado e habitual para apostar em novidades que surpreendam o público", conclui Susana Rodrigues.