Entre 29 de julho e 4 de agosto, Melgaço volta a ser o epicentro do cinema internacional documental. A celebrar a 10.ª edição, o MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço, destaca-se por temas como a questão palestiniana, direitos humanos, migrações, colonialismo, ambiente e questões de género.
Corpo do artigo
A edição deste ano recebe 31 filmes a competição: 21 longas-metragens e 10 curtas e médias-metragens. Para além de Portugal, também a Indonésia, França, Rússia, Alemanha, Áustria, Estados Unidos da América, Itália, Canadá e Países Baixos, apresentam documentários que concorrem aos Prémios Jean-Loup Passek e D. Quixote, com um painel de júris como o grego Angelos Rallis, a crítica romena Irina Trocan, Mohammadreza Farzad do Irão, a portuguesa Raquel Scherfer e o editor-chefe da Modern Times Review, Truls Lie .
Carlos Viana, coordenador do Festival Internacional de Documentário de Melgaço, diz que a competição “procura reunir o que de mais significativo se vai produzindo em termos de cinema documentário” e confessa ainda que “a interação que há entre quem participa e os realizadores que estão presentes [serão 23] é um dos pontos fundamentais que distingue este festival de outros”.
Para Manoel Batista, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, “o festival é um momento único no ano” e destaca ainda que “receber um festival com a dimensão do MDOC é um orgulho”.
Nove filmes portugueses e 22 internacionais
O MDOC promove uma reflexão que incide na identidade, memória, fronteira e temas atuais que impactam o mundo. A questão palestiniana é abordada em três documentários: “Un long chemin vers la paix”, de Tal Barda, no francês “Voyage à Gaza” de Piero Usberti, e no palestiniano “No other land”. Os direitos humanos são destacados em “Of Caravan and the dogs”, uma co-produção russa e alemã, e em “Democracy Noir” da realizadora americana Connie Field. Enquanto a situação da mulher é tratada no documentário alemão “My stolen planet”, “Maydegol” da realizadora iraniana Sarvnaz Alambeigi e em “The takeover”, dos Estados Unidos.
Questões pós-coloniais estão presentes em “The battle for Laikipia”, uma produção que reúne os EUA, Quénia e Grécia, e em “Fogo no lodo” dos portugueses Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca. Já as migrações são exploradas em “As Melusinas à margem do rio”, no documentário francês “Les Chenilles” e no austríaco “Night of the coyotes”. Por fim, o ambiente e as alterações climáticas são tema em “A savana e a montanha” de Paulo Carneiro, no americano “Black snow” e em “As the tide comes in” da Dinamarca.
O festival arranca no dia 29 de julho, às 22 horas, com quatro documentários portugueses produzidos no âmbito da residência cinematográfica Plano Frontal: “Aires”, “Ribeiro de baixo cabo do mundo”, “A mestra” e “Mundano”.
Atividades extra competição
Além da competição oficial, o MDOC oferece uma vasta programação incluindo uma oficina de documentário, com a cineasta portuguesa Catarina Mourão, residências de cinema e fotografia, masterclasses com José Filipe Costa, autor de “Prazer, camaradas!” (2019) e visitas a seis exposições de estreia. O programa conta ainda com o X-Raydoc, uma análise em formato conversa/debate com Jorge Campos e Sérgio Andrade sobre o filme “Adeus, até ao meu regresso” de António-Pedro Vasconcelos, “o primeiro filme português sobre a Guerra Colonial, uma autêntica relação do cinema com a guerra”, como diz o professor e realizador Jorge Campos.
O festival, que celebra a sua 10.ª edição e conta com a organização da Associação AO Norte e do Município de Melgaço, “mostra uma reafirmação dos territórios pequenos e distantes das grandes metrópoles que podem fazer diferença na programação cultural”, diz Manoel Batista, consolidando-se como um evento de relevância internacional na promoção do cinema documental de vertente social e etnográfica.