A Filandorra - Teatro do Nordeste protestou esta segunda-feira contra a falta de apoios da Direção-Geral das Artes para o quadriénio 2023-2026.
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Junto ao pelourinho de Vila Real encenou um auto contra o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a quem chamou "Adão sem Eva", o "ministro imperfeito da Cultura".
Envolvidos pelo som de "A morte saiu à rua" de Zeca Afonso, os atores profissionais da companhia colocaram-se sobre cepos, que simbolizavam um sítio de morte. O risco que a Filandorra corre por ter ficado de fora da lista dos apoios do Governo.
O diretor da Filandorra, David Carvalho, disse que o ministro é "adepto da empatia e compaixão, mas defensor, na velha guerra antiga dos fascistas, das linhas de corte". Sublinhou, "as linhas de corte dão a morte do emprego, dão a morte da Cultura e da possibilidade de Shakespeare chegar, por exemplo, a Miranda do Douro".
David Carvalho garantiu que o objetivo é continuar a resistir, mesmo sem o apoio da Direção-Geral das Artes. A Filandorra está a pedir aos municípios que "comprem mais serviços". Também pediu "um conjunto de apoios especiais à Câmara de Vila Real e à Junta de Freguesia", que "estão em decisão".
O diretor explicou que "o mais interessante vai ser o PRR da Filandorra". No dia 25 de Abril vão ser lançados "50 mil bilhetes". É "um bilhete solidário de 25 de Abril deste ano a 25 de Abril do próximo". E vai servir "para que o país demonstre à autoridade quase prepotente do senhor ministro, o que é não ter no cofre de milhões do Governo financiamento para dar a estruturas dignas". David Carvalho explicou que a Filandorra foi a concurso com uma candidatura que conseguiu "74,2 de avaliação".
Nesta senda de protesto, a companhia vai ainda lançar o "provedor do esquecimento", uma espécie de "movimento do esquecimento do interior do país aberto a toda a comunidade".
Sem apoios do Governo, as autarquias que têm protocolos com a Filandorra vão ter um papel importante para ajudar a companhia a manter-se no ativo. A presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, foi a Vila Real, esta segunda-feira, solidarizar-se com o protesto e prometer que "vai honrar os compromissos" com aquela estrutura cultural. "E quando terminar o prazo [do contrato] certamente o iremos renovar", acentuou.
Helena Barril acrescentou que "é preocupante este abandono do Ministério da Cultura", o que "tira o sentido à coesão territorial que tanto apregoam".
A Filandorra está a comemorar 37 anos de existência e promete continuar a resistir no interior do país, apesar da falta de apoio do Governo. O protesto desta segunda-feira foi a forma de a companhia assinalar o Dia Mundial do Teatro.