O Monstra Festival tem início esta quarta-feira e mostra mais de 400 filmes até ao dia 27.
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Fernando Galrito e a sua equipa asseguram a partir de hoje a 21.ª edição do Monstra Festival, que se afirmou desde o princípio como a maior manifestação dedicada ao cinema de animação na capital, inscrevendo-se ainda de forma clara no segmento dedicado a este género de cinema no panorama internacional de festivais de cinema.
A animação portuguesa tem sido um dos géneros que, ao longo das três últimas décadas, mais prestígio e prémios tem trazido ao cinema português. Há cada vez mais jovens criadores e novas produtoras a trabalhar na área, os resultados são visíveis e o espectador tem direito a ver esses filmes que vão sendo regularmente produzidos.
É por isso justo salientar a dezena de títulos que concorrem ao prémio SPA Vasco Granja, ostentando o nome do mais lendário divulgador do cinema de animação no nosso país e que é destinado precisamente à produção nacional. A sessão com esses filmes decorrerá no Cinema São Jorge, na sexta-feira 25, às 22 horas, e é verdadeiramente imperdível, assinalando algumas estreias mundiais e sendo composta por filmes de Bruno Simões, José Xavier, Paulo Patrícia, João Levezinho, Susana Miguel António e Filipa Gomes da Costa, Maria Constanza Ferreira, Bruno Carnide, João Pedro Oliveira, Pedro Serrazina e Laura Gonçalves.
Além do São Jorge, a Monstra decorre ainda na Cinemateca Portuguesa, na Cinemateca Júnior e no Cinema City Alvalade, com as exposições que normalmente acompanham o certame a decorrer no Museu da Marioneta, na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Galeria Santa Maria Maior.
Esta quarta-feira, pelas 19.30 horas, também na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, será dado o pontapé de saída de uma maratona de 473 filmes com a antestreia nacional de "Belle", do mestre japonês Mamoru Hosoda, que chegará na próxima quinta às salas de todo o país. Um filme sobre o crescimento exponencial das formas de comunicação digital, "Belle" centra-se na personagem de Suzu, uma estudante de 17 anos a viver numa aldeia com o pai e que um dia entra num universo virtual com 5 mil milhões de membros e onde passa a ser Belle, uma cantora mundialmente conhecida.
A cerimónia de abertura oficial da Monstra terá apenas lugar na quinta-feira, dia 17, no Cinema City Alvalade, com a projeção de "Flee - A fuga", do dinamarquês Jonas Poher Rasmussen. Documentário de animação, nomeado para os Oscars de Hollywood, o filme relata, na primeira pessoa, a história da extraordinária jornada de Amin, uma criança refugiada afegã na Dinamarca.
Para a próxima sexta-feira está reservado o tributo ao cinquentenário do mítico "Fritz the cat", de Ralph Bakshi, que se tornou a primeira longa-metragem de animação a receber nos Estados Unidos a classificação de "X", reservada a filmes considerados pornográficos. O filme integra a seção TripleX, onde se poderá verificar claramente que o cinema de animação não é necessária e exclusivamente para crianças.
O primeiro fim de semana do festival ficará marcado pela estreia mundial de "Dito suavemente", do realizador e artista multifacetado Anri Koulev, um homem que atravessa várias gerações de cineastas e que estará presente em Lisboa. A obra que Koulev vem revelar a Portugal é elaborada na técnica de 3D e é um dos 80 filmes que fazem parte de uma retrospetiva que mergulha na história centenária da animação da Bulgária.
Outro grande momento do festival será o cine-concerto (dia 21, na Cinemateca) que viaja pelo nascimento da animação no final do século XIX e início do século XX, com obras dos dois pioneiros mais importantes do cinema francês: Émile Reynaud (que, em 1892, criou as primeiras pantominas animadas, três anos antes da sessão de cinema inaugural dos irmãos Lumière) e Émile Cohl (autor de "Fantasmagorie", um dos primeiros filmes de desenho animado que se conhecem). A sessão terá acompanhamento ao vivo pelo pianista francês Jacques Cambra.
Além do muito cinema que vai proporcionar ao seu público já fiel, a Monstra organiza várias exposições. No Museu da Marioneta estará patente "Do outro lado da câmara, os demónios do meu avô", com os cenários e marionetas originais do filme "Os demónios do meu avô", a primeira longa-metragem nacional em stop motion, realizada por Nuno Beato.
Para a Sociedade Nacional de Belas Artes ficou reservada "Desenhos de animação", que reúne trabalhos gráficos do realizador búlgaro Anri Koulev; da artista inglesa Joanna Quinn, nomeada para o Oscar de Melhor Curta-metragem de Animação com "Affairs of the art", que também integra a Competição de Curtas-Metragens do festival; e uma coleção dos dez anos do estúdio de animação português BAP.
Finalmente, na Galeria Santa Maria Maior poderá ser vista uma homenagem aos 30 anos da Animanostra, uma das mais antigas e importantes produtoras de cinema de animação em Portugal.