Regressos ao palco, mudanças diretivas e muitas estreias constroem o calendário de regresso às salas de teatro.
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Há um mito de que do final do verão até ao Natal o tempo acelera. Mas isso só sucede pela panóplia de acontecimentos que se concentram no calendário nesta época, à qual o teatro não passa incólume. Nuno Cardoso, diretor do Teatro Nacional São João (TNSJ), e Diogo Infante, diretor do Teatro da Trindade, a subirem às tábuas, como intérpretes, são dois dos grandes apelativos de setembro.
11 de setembro a 14 de setembro são as datas da estreia do monólogo “Homens hediondos”, a partir do livro do norte-americano David Foster Wallace com encenação de Patrícia Portela, no Teatro Carlos Alberto (TeCA), no Porto .
Aqui, a antecipação funciona como um ponto a favor, já que o público está à espera da estreia, há três meses, originalmente estava marcada para junho. A produção usa as “capacidades metamórficas e camaleónicas de Nuno Cardoso” para responder: “Quem são os homens hediondos? Criaturas feias, repugnantes, monstruosas? Ou pessoas banais com quem nos relacionamos todos os dias, no trabalho, nos transportes, nos cafés, em casa?”, interroga Patrícia Portela.
O TNSJ, no Porto, remonta “As bruxas de Salém”, de Arthur Miller, com encenação de Nuno Cardoso.
Dança das cadeiras
Além das bruxas e dos monstros no Porto, em Braga, o Theatro Circo apresenta dias 4 e 5 de setembro, “Os caranguejos de Istambul”, pelo Teatro da Terra. Um texto de António Cabrita e encenação de Maria João Luís, numa peça interpretada por António Simão e Paulo Pinto.
Em Coimbra, e para começar a temporada, a 12 de setembro, o Teatro Académico Gil Vicente apresenta o texto “A revolução da América do Sul”, o mais destacado de Augusto Boal.
“A revolução da América do Sul” inicia assim a Mostra de Teatro Brasileiro do Teatrão, que vai passar por Aveiro, Matosinhos, Loulé, Ourém, Lousã, Águeda, Santarém e Marinha Grande, com quatro espetáculos e duas ações de formação, além de leituras e conversas.
O curador da mostra é Jorge Louraço Figueira, até ao fim da temporada, diretor artístico do Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos. Entretanto abriu concurso, não sendo públicos os resultados.
Também o Teatro Municipal do Porto faz a rentrée com novo figurino diretivo, composto por Drew Klein e Francisco Malheiro, após a saída de Cristina Planas Leitão.
O regresso da instituição faz-se com Trajal Harrell, dia 13 de setembro.
Telhados de vidro
De 12 de setembro a 17 de novembro é o prazo para ver Diogo Infante em cena, após interregno de dois anos, no palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, com “Telhados de vidro”, de David Hare, encenado por Marco Martins. A obra revela-se “um poderoso e provocador drama contemporâneo, sobre poder, política e paixão”, estreado em Londres em 1995 e “tornando-se rapidamente numa das mais bem-sucedidas peças” do dramaturgo David Hare.
Também em Lisboa, Elmano Sancho estreia, “Cordeiros de Deus ou soldados da esperança”, na Culturgest, em Lisboa, de 11 a 14 de setembro.
Os Artistas Unidos, estrutura que continua sem espaço próprio, abre a temporada do Centro Cultural de Belém, com “Búfalos”, de Pau Miró, entre 18 e 29 de setembro.
O Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, prossegue com a Odisseia Nacional, enquanto duram as obras e leva o espetáculo “Luta armada”, dos Hotel Europa ao Teatro Cine de Pombal, a 20 de setembro. Já o Teatro Ibérico recebe a estreia de “Na solidão dos campos de algodão”, de Bernard-Marie Koltès, encenado por Zia Soares.