Festival arranca este sábado em Porto Covo e muda-se para Sines no dia 23 de julho. Até dia 27, há 43 concertos de músicos de 27 países. Pelo meio, também canta a ministra da Cultura do Brasil.
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O globo musical volta a rolar em Sines e Porto Covo com o 24.0 Festival Músicas do Mundo (FMM), que entre este sábado e o dia 27 apresenta mais de 40 espetáculos de artistas provenientes de 27 países.
Há cruzamentos improváveis, de músicos belgas e do Burkina Faso, de ingleses e colombianos, há nomes emergentes e consagrados, há hip hop da Palestina, presença vasta do Mundo lusófono, de Salvador Sobral e JP Simões a Mayra Andrade, a Moticoma – e há a atuação de Margareth Menezes, cantora de longo rasto e atual ministra da Cultura do Brasil. É uma festa, mas é também uma luta.
“Sem o 25 de Abril nunca haveria um festival como este”, diz Carlos Seixas, programador do FMM desde 1999. Os 50 anos da revolução começaram a ser assinalados em 2023, com maior presença de países africanos de expressão portuguesa – “porque os movimentos de libertação das ex-colónias foram fundamentais para que se desse Abril”, diz Seixas –, e a celebração continua este ano: haverá jovens como Fattú Djakité (Guiné-Bissau), clássicos como Ferro Gaita (Cabo Verde) e representantes da diáspora: Prétu – Xei Di Kor (Portugal).
Luta e inconformismo da Palestina
“Há vários sentimentos que se conjugam para que o FMM não seja só entretenimento”, diz o programador. “Há alegria e felicidade, vontade de descobrir música nova, mas também um sentimento de luta e de inconformismo”.
Nesse sentido, inúmeros projetos que passam por Sines e Porto Covo transportam uma bandeira, uma causa, uma reivindicação, como os DAM, epítome da resistência musical na Palestina desde 1999, pioneiros do hip hop no Médio Oriente – o nome significa “sangue” em hebreu e árabe.
Ainda da Palestina, virá o registo indie folk de Haya Zaatry, e da Síria há uma introdução à dança ‘dabke’ por Rizan Said.
Do Vietname a Cuba e Zanzibar
Este ano, o país mais longínquo no cartaz é o Vietname: Saigon Soul Revival, um regresso à cena alternativa anterior a 1975 da cidade agora conhecida como Ho Chi Minh.
Também de longe, do Zanzibar, chegam os Siti & The Band, que homenageiam a primeira estrela do género musical ‘taarab’ – Siti Binti Saad (1880-1950).
Há um nome imperdível de Cuba: Eliades Ochoa, fundador dos Buena Vista Social Club, “sonero” lendário da música caribenha. Há o rock psicadélico dos suecos Dungen. O reggae californiano dos Groundation. Ou o rock-tango de Melingo, da Argentina.
É um Mundo de encontros e descobertas. E também um Mundo de causas.