Youssou N’Dor, Julieta Venegas Rokia Traoré, Kokoroko e Le Mystère Des Voix Bulgares são destaques do festival que acontece de 18 a 26 de julho em Porto Covo e Sines. "A música tem o poder de contribuir para uma sociedade mais justa", diz diretor Carlos Seixas ao JN.
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Vêm de 35 países os 49 projetos que compõem a oferta do 25.º FMM – Festival Músicas do Mundo, que se realiza entre esta sexta-feira e 26 de julho em Sines e Porto Covo. “É ano de resistência”, avisa Carlos Seixas, histórico programador do certame que não se vangloria com cabeças de cartaz, mas que apresenta, nesta edição, vultos da world music como Youssou N’Dour (Senegal), Julieta Venegas (México), Rokia Traoré (Mali), Orchestra Baobab (Senegal) ou The Mystery of the Bulgarian Voices.
“Neste ano especial quisemos trazer músicos que marcaram a história do FMM, como a Rokia Traoré ou o Kimmo Pohjonen [acordeonista finlandês], mas também uma série de estreias relevantes, como o Youssou N’Dour, um nome que há muito perseguimos, ou a Julieta Venegas, recordista de Grammy’s nesta edição”, diz Seixas, que reafirma os princípios que sempre orientaram o festival: “São 25 edições assumindo a defesa da diversidade. A música tem o poder de inspirar valores e práticas que podem contribuir para uma sociedade mais justa.”
Em 2025 haverá novos países representados: Bolívia, Gabão, Guatemala, Jordânia, Indonésia e um Estado em busca de reconhecimento, a Somalilândia – donde chega a cantora e ativista Sahra Halgan. Num festival que se afirmou, através de vários prémios e distinções, como referência global da world music, com público oriundo de dezenas de países, o banquete deste ano inclui números imperdíveis como The Mystery of the Bulgarian Voices, grupo coral fundado em 1952 que se tornou uma instituição: os seus membros são rigorosamente escolhidos pelas características vocais e contribuem para a permanente atualização do repertório folk da Bulgária.
Também histórica é a Orchestra Baobab, que atua no Castelo, dia 25: percorrem a estrada desde 1970 com o seu jazz afro-cubano tingido com influências da música wolof do Senegal. E, no capítulo das lendas, nota ainda para a estreia em Sines de Bonga, estrela angolana de 82 anos que gravou mais de 40 discos desde 1972.
De outros territórios geográficos e artísticos, virá o jazz de fusão londrino com os Kokoroko. A tradição musical revisitada da Mongólia Interior (Taiga), canto sufi da Índia (Warsi Brothers) ou eletro folk iraniano (Kamakan). Da malograda Palestina virão dois representantes: o rapper Tamer Nafar, que atuou o ano passado no Castelo com os DAM, e a banda 47Soul. E do Brasil chega o histórico grupo do movimento manguebeat – Nação Zumbi, e a ativista frenética Bia Ferreira.
Quantos aos portugueses, terão no friso principal três mulheres: Lena D’Água fará a sua estreia no Castelo de Sines (dia 23); Ana Lua Caiano atua em Porto Covo (dia 19); e Capicua traz novo espetáculo – “Um gelado antes do fim do mundo” (dia 25). Outros patrícios serão os Bateu Matou (projeto de percussão) e uma banda em plena ascensão – Miss Universo (dia 26).