Ator morreu, aos 91 anos, em consequência de complicações de saúde causadas por uma infeção nos rins. Figura central da televisão brasileira durante mais de meio século, Francisco Cuoco marcou gerações com a sua presença carismática e interpretações memoráveis.
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Francisco Cuoco era um dos nomes mais emblemáticos da teledramaturgia da TV Globo. O ator, que nos últimos anos enfrentava complicações de saúde devido a uma infeção nos rins, deixa um legado notável de quase sete décadas de carreira no teatro, no cinema e, sobretudo, na televisão.
Natural do bairro do Brás, em São Paulo, Francisco Cuoco nasceu a 29 de novembro de 1933, filho de um feirante italiano. Começou por estudar Direito, mas acabou por se render ao fascínio do palco ao ingressar na Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquita. A sua estreia foi no Teatro Brasileiro de Comédia, e em pouco tempo destacava-se no panorama artístico brasileiro, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Fernando Torres. Em 1964, foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte como Melhor Ator Secundário pela peça "Boeing-Boeing".
A entrada na televisão deu-se em 1963, no programa Grande Teatro Murray, da TV Rio. No ano seguinte, entrou na sua primeira novela, "Renúncia", na TV Record. Depois de passagens pela Tupi e pela Excelsior, estreou-se na TV Globo em 1970 com "Assim na Terra como no Céu", de Dias Gomes. A partir daí, consolidou-se como uma das maiores estrelas da estação.
Entre os seus papéis mais marcantes estão "Selva de Pedra" (1972), "Pecado Capital" (1975), "O Astro" (1977), "Sétimo Sentido"(1982) e "Eu Prometo" (1983), todos como protagonista. Era o galã por excelência da televisão brasileira — símbolo de charme, elegância e intensidade dramática. Um episódio marcante da sua fama ocorreu no início dos anos 1970, quando foi cercado por uma multidão à saída do Theatro Municipal de São Paulo, precisando de escolta policial para sair em segurança.
No cinema, participou em filmes como "Gémeas" (1999), A "Partilha" (2001), "Cafundó" (2005) e "Real Beleza" (2015). No teatro, esteve em dezenas de montagens, incluindo a primeira versão de "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, em 1961. Entre os seus últimos trabalhos estão "Segundo Sol" (2018) e uma participação especial em "Salve-se Quem Puder" (2022).
Francisco Cuoco será lembrado como um dos pilares da televisão brasileira, um intérprete cuja trajetória acompanhou a própria evolução do meio. A sua morte representa o fim de uma era.