Na galeria Baganha, no Porto, que representou o pintor Júlio Resende nos últimos três anos, podem ainda ver-se algumas das últimas pinturas do artista falecido esta quarta-feira.
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Foi nesta galeria que Júlio Resende fez a sua última exposição intitulada "In Media Res", inaugurada em maio, que segundo Carlos Amaral, director artístico daquele espaço, foi um evento que "teve muito público".
Algumas dessas peças podem ainda hoje ser vistas em duas salas daquela galeria da rua do Bom Sucesso.
"Foi uma exposição que foi como uma retrospectiva dos últimos 20 anos. Isto porque ele, no último ano de vida, pintou passando pelas fases todos das duas últimas décadas, como num 'flash-back'", sustenta Carlos Amaral.
Carlos Amaral recorda que "ele tinha uma relação muito próxima com o galerista Fernando Baganha", com quem tinha amizade já há muitos anos.
"Era bastante aberto em relação à montagem das suas exposições. Claro que havia pormenores em que nunca cedia".
Para o representante da galeria Baganha, Júlio Resende "era um valor seguro em termos comerciais e bastante estável", acrescentando que "ele era muito procurado em termos de coleccionadores, até porque era um artista que percorre o século todo".
O autor do consagrado painel de azulejos "Ribeira Negra", Júlio Resende, nasceu a 23 de Outubro de 1917 no Porto e morreu hoje aos 93 anos em Valbom (Gondomar), distrito do Porto.
A primeira exposição do artista plástico acontece em 1946, em Lisboa, cidade onde conhece Almada Negreiros.
Júlio Resende, responsável pela ilustração da obra de Fernando Namora "Retalhos da Vida de um Médico" e o criador das figuras de Banda Desenhada "Matulinho e do Matulão", recebe em 1997 a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e realiza a decoração de azulejos da Estação do Metropolitano de Lisboa de Sete Rios.
"O Desenho é expressão de um consciente que o particulariza", lê-se no sítio da Internet da Fundação Júlio Resende, instituição onde está reunido um espólio de cerca de dois mil desenhos do artista português.