Gérard Depardieu defende-se de acusações de violação: “Jamais abusei de uma mulher”
Acusado de violação e agressão sexual, ator francês Gérard Depardieu, defendeu-se numa carta aberta, em jeito de poema, publicada no domingo pelo jornal “Le Figaro”, contra o que classifica como “linchamento” mediático.
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“Não posso mais consentir o que tenho ouvido e lido sobre mim nos últimos meses. Achava que não me importava, mas não”, desabafa Gérard Depardieu. Foi a primeira vez que se pronunciou, desde que, em abril, vieram a público 13 novos testemunhos contra o ator, resultado de uma investigação iniciada em 2020 e divulgada pelo Mediapart.
Numa carta aberta, escrita como um poema, publicada no jornal “Le Figaro”, O ator e cineasta de nacionalidade russa e nascido em França sublinha que não é "nem um violador, nem um predador", e aponta o dedo ao “linchamento” de um "tribunal mediático".
“Jamais abusei de uma mulher”, garante, defendendo-se das acusações de violação e abuso sexual feitas contra ele em 2018 pela atriz Charlotte Arnould, que é filha de amigos.
“Magoar uma mulher é como dar um pontapé no estômago da minha própria mãe. Uma mulher veio à minha casa pela primeira vez, com passo apressado, e subiu ao meu quarto por vontade própria. Agora, diz que foi violada. Ela voltou uma segunda vez. Não houve constrangimento, nem violência, nem protesto. Ela queria cantar comigo as músicas de Barbara no Cirque d’Hiver. Eu disse não. Ela apresentou uma queixa”, recorda, sem citar o nome de Charlotte.
Depardieu foi indiciado a 16 de dezembro de 2020, após denúncia de duas violações feita pela atriz em agosto de 2018, mas a sua carreira foi definitivamente abalada quando mais 13 mulheres — incluindo atrizes, maquilhadoras e elementos de equipas de produção — o acusaram de má conduta sexual.
“Muitas vezes fiz aquilo que outros não ousariam fazer: ultrapassar limites, abalar certezas, hábitos no set entre dois takes, entre duas tensões… para arrancar risos”, admite, assegurando que nunca teve “intenção magoar”; por isso pede desculpa por se “comportar como uma criança que queria divertir-se num museu”.
O ano passado, a justiça francesa confirmou a acusação de violação a Gérard Depardieu, referente a 2018, por considerar que existiam "indícios graves" que o justificam, cerca de um ano depois de o Ministério Público francês ter decidido arquivar o processo, alegando que a investigação realizada não permitira "caracterizar as infrações denunciadas em todos os seus elementos constitutivos".
Charlotte Arnould reabriu o caso em 2020, mas Depardieu contestou factos e pediu o arquivamento do processo mas viu o pedido rejeitado pelo Tribunal de Recurso de Paris, ainda antes de serem conhecidos mais 13 testemunhos de abusos.