Trio Lua abriu o palco Moch este sábado no Meo Marés Vivas. No mesmo dia em que tocam três portentos da ala feminina da música nacional: Cláudia Pascoal, Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes. Mas entre o público sobressaiu uma pequena nota de homofobia.
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Com o tempo a melhorar visivelmente em relação ao primeiro dia, o recinto do Marés Vivas ficou muito mais brilhante com as mulheres adornadas de purpurinas, tules e transparências. Cláudia e a Avó Maria vieram juntas, e a avó da adolescente não se escusa a fazer poses, a deixar-se maquilhar e a tirar fotos enquanto faz bolas de sabão que drapejam e tremulam e depois rebentam cheias de graça no ar.
Há muitas duplas de mães e filhas no recinto florestal do antigo Parque de Campismo da Madalena, em Gaia, há também muitas famílias e crianças e abunda a juventude num ambiente intergeracional.
Lua no seu formato guitarra, bateria e baixo abriu o segundo dia, com muitas reminiscências de anos 1990. Na sua estreia, as Lua tocaram temas onde contam histórias sobre como “ a terra gira e o mundo mudou, o empregado do ano agora é sempre um robot" .
A guitarrista Catarina Vital é absolutamente impactante com as suas quatro guitarras expostas em palco e que dedilha com destreza. “Falar para as paredes” e “Logo resolvo” foram dois dos temas mais bem conseguidos, muito comoventes e celebrados pelo público. No formato guitarra, voz e piano, tal como quando começaram, é onde se sentem de mãos dadas com o palco.
Os risinhos de "És gay"
Ao apresentarem o novo single, “És gay”, ouviu-se um pequeno burburinho com risinho a percorrer certos espectadores. A letra diz: "És gay, não importa, eu fico aqui, quem me dera que fosses bi, talvez olhasses para mim", o que levou alguns pais amarelados a abandonarem a plateia - ou a darem uns passos atrás e a firmarem pés, estacados e hirtos, um bocadinho mais longe do palco, não fosse aquilo contagiar...
Mas outros espectadores responderem à atitude e comentaram, com uma certa indignação, mas cheios de ironia e sarcasmo: "Claro, asneiras seguidas em inglês, os meninos podem ouvir, já bi e gay, ai, isso não, ai, podem ficar traumatizados, coitados".
"Polémicas" à parte, o trio Lua deu um concerto consistente e bem conseguido para abrir o segundo dia do 15.º Marés Vivas. Depois delas, o "girl power" continuaria com Cláudia Pascoal, Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes.
Este sábado, o Marés Vivas ainda vai contar com duas superestrelas no palco maior: Pablo Albóran, ícone espanhol da pop latina, às 21.30 horas; e J Balvin, peso-pesado colombiano do reggaeton que, com a sua voz de contralto e 'beats' e batidas gordas há de pôr toda a gente a rebolar e dançar.