A morte da pintora Paula Rego, aos 87 anos, em Londres, foi recebida "com consternação" no país e até no estrangeiro.
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A direção nacional do PS lamentou a morte da pintora Paula Rego e considerou que Portugal perdeu uma das suas artistas plásticas mais completas e com maior expressão no mundo. "A direção nacional do PS lamenta profundamente a morte da pintora Paula Rego. Portugal perdeu uma das suas artistas plásticas mais completas e com maior expressão no mundo", refere-se numa nota publicada no sítio deste partido na internet. Segundo o PS, Paula Rego "constituiu uma carreira recheada de obras que se tornaram ícones da cultura plástica portuguesa, reconhecidas em todo o mundo".
O PSD expressou, esta quarta-feira, o pesar do partido e do seu presidente, Rui Rio, pela morte da pintora Paula Rego, que classificou como "figura de referência da pintura nacional". "Foi com consternação que o Partido Social Democrata recebeu a notícia do falecimento de Paula Rego", refere o partido em comunicado.
No texto, os sociais-democratas recordam-na como "figura de referência da pintura nacional", que se destacou "no panorama internacional pelo seu trabalho, tendo recebido várias distinções e deixando uma marca indelével" na cultura nacional. "Nesta hora de pesar, a direção do Partido Social Democrata, na figura do seu presidente, Rui Rio, expressa a toda a família o seu mais sentido pesar", acrescenta a nota.
O presidente eleito do PSD, Luís Montenegro, transmitiu os seus pêsames à família e amigos da pintora Paula Rego, que recordou como "um dos maiores vultos da cultura portuguesa". "Com a morte de Paula Rego, perdemos um dos maiores vultos da cultura portuguesa. Reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu talento e pela qualidade e diversidade da sua obra, Paula Rego marcou gerações de artistas ao longo de décadas. Os meus pêsames à família e amigos", escreveu Luís Montenegro, na sua conta na rede social Twitter.
Com a morte de Paula Rego, perdemos um dos maiores vultos da cultura portuguesa. Reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu talento e pela qualidade e diversidade da sua obra, Paula Rego marcou gerações de artistas ao longo de décadas. Os meus pêsames à família e amigos.
- Luís Montenegro (@LMontenegroPSD) June 8, 2022
A coordenadora do BE, Catarina Martins, destacou o lugar internacionalmente reconhecido de Paula Rego na história da arte, assinalando o empenhamento da sua obra, a que "ninguém fica indiferente", no que é a condição da mulher e Portugal. "Paula Rego tem um lugar na história da arte já conquistado e internacionalmente reconhecido já há muitos anos. Essa é uma apreciação internacional que só nos deve orgulhar", disse Catarina Martins.
"Grande desgosto"
O Centro Nacional de Cultura (CNC) manifestou "grande desgosto" pela morte da pintora Paula Rego. "O Centro Nacional de Cultura manifesta o grande desgosto pelo falecimento da sua sócia efetiva, hoje ocorrido. Apresentamos sentidas condolências à família e amigos", lê-se numa nota publicada no site do CNC. O CNC recorda que Paula Rego era "uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional".
A Fundação Calouste Gulbenkian lamentou "profundamente" a morte da pintora, classificando-a como "uma das mais extraordinárias artistas nacionais", com quem manteve estreitos laços desde sua bolseira, nos anos 1960. Em comunicado, o conselho de administração da Fundação Gulbenkian relembrou a "ligação histórica" da entidade a "uma artista ímpar no panorama internacional, que deixa um legado inesquecível".
O diretor do Centro Português de Serigrafia (CPS) recordou a "obra gráfica notável" da pintora, salientando que a artista investiu na gravura a mesma dedicação que ao desenho ou à pintura. "A perda de Paula Rego toca-nos no âmago da nossa atividade. Com uma obra gráfica notável, iniciada nos anos 50, a artista sempre aplicou à gravura, nas suas múltiplas expressões, a mesma dedicação e importância que ao desenho ou à pintura. Pelo seu legado, gratidão", referiu João Prates, citado num comunicado partilhado pelo CPS nas redes sociais Facebook e Instagram.
Já o museu britânico Victoria and Albert (V&A) lamentou a morte, salientando que o seu trabalho foi "sempre brilhante e desafiador". "Soubemos com tristeza da morte de Paula Rego. Muitas vezes inspirado por 'provérbios, canções de embalar, jogos infantis e canções, pesadelos, desejos, terrores', o seu trabalho foi sempre brilhante e desafiador", lê-se numa publicação partilhada na conta oficial do museu no Twitter.
We're saddened to hear of the passing of Paula Rego.
- V&A (@V_and_A) June 8, 2022
Often inspired by 'proverbs, nursery rhymes, children's games and songs, nightmares, desires, terrors' her work was always brilliant and challenging.
Three Blind Mice, Paula Rego, 1989
Death Goes Shopping, Paula Rego, 2009 pic.twitter.com/wRxboHdyHh
O Museu Picasso de Málaga, em Espanha, destacou que a pintora portuguesa Paula Rego é "uma das artistas mais originais" da atualidade. "Foi uma das artistas mais originais e amplamente aclamadas do nosso tempo. Durante sete décadas, ela reinventou a pintura figurativa e a forma como as mulheres são representadas", lê-se num comunicado do Museu Picasso de Málaga, onde está exposta, desde 26 de abril, "uma grande retrospetiva" da obra da pintora portuguesa, que já não esteve na inauguração por causa do "delicado estado de saúde".
A diretora da rede de museus britânicos Tate, Maria Balshaw, recordou a Paula Rego como "uma artista intransigente de poder imaginativo extraordinário". "Paula Rego foi uma figura incrivelmente importante para a Tate", disse hoje a responsável por esta rede de instituições públicas britânicas de arte, numa declaração à Agência Lusa, elogiando a forma como a artista "revolucionou de forma única a maneira como as vidas e as histórias das mulheres são representadas".
"Uma das maiores figuras da arte portuguesa e mundial"
A historiadora e crítica de arte Helena de Freitas manifestou "enorme tristeza e desolação" pela morte da pintora, cujo trabalho alcançou uma "dimensão artística e social universal", deixando uma "marca muito grande". Reagindo à morte da artista, Helena de Freitas, que foi diretora da Casa das Histórias - Museu Paula Rego, em Cascais, entre 2010 e 2013, destacou a sua "singularidade", considerando tratar-se de "uma perda muito difícil de reparar".
Em declarações à Lusa, disse guardar "muito boas memórias do trabalho feito com ela". "A Paula Rego, nascida em Portugal, desenvolveu um trabalho que toda a vida se alimentou das suas memórias de vida, da literatura, do cinema, e que contém uma grande relação com o país onde nasceu, mas, ao mesmo tempo, partiu muito cedo para Inglaterra, um contexto internacional onde todo o seu trabalho foi conceptualmente progredindo e muito estimulado", afirmou.
A Fundação de Serralves lembrou a artista Paula Rego como alguém que, "em tempos inclinados a polarizações", deixa como recordação a certeza de que "nada é simples e imediato". Em comunicado, a Fundação de Serralves "lamenta profundamente o desaparecimento de Paula Rego, uma das artistas com maior reconhecimento não só em Portugal, país onde nasceu e cresceu, e em Inglaterra, onde estudou e depois viveu até à sua morte, mas também por todo o mundo".
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, lamentou a morte de Paula Rego, assegurando que a pintora vai continuar a viver em cada um. "É com profunda tristeza que vemos partir uma das maiores figuras da arte portuguesa e mundial. Dona de uma obra artística genial e irreverente, que é aclamada internacionalmente e serve de referência para todos os seus pares, e senhora de um olhar tão cru quanto belo sobre a realidade, Paula Rego deixa o nosso país e a cultura portuguesa muitíssimo mais pobres", escreveu Fernando Gomes, numa mensagem divulgada pela FPF.
"Obra poderosíssima, cheia de originalidade e vigor"
A Câmara Municipal de Lisboa lamentou a morte da pintora Paula Rego, considerando que "as suas criações artísticas ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI". "Nome maior da pintura contemporânea mundial, começou aos 17 anos a estudar em Londres, na Slade School of Fine Art. A capital britânica seria a sua residência mais duradoura, mas a sua ligação a Portugal sempre se manteve, onde vinha, de resto, com regularidade. De sublinhar os traços da identidade portuguesa, nomeadamente o imaginário, os contos populares e recordações de infância vividas em território nacional, que marcam de forma evidente a sua obra", lê-se na nota.
A pintora Paula Rego foi, para a Fundação EDP, "criadora de uma obra poderosíssima, cheia de originalidade e vigor". "Fez da sua memória pessoal e da nossa memória coletiva um impulso renovado para a sua arte de contadora de histórias. Aliando uma mestria técnica a uma imaginação indomável e a uma liberdade insubmissa, na sua obra estão o nosso passado e o nosso futuro", lê-se na nota da Fundação, divulgada esta quarta-feira.
Paula Rego é "a artista portuguesa contemporânea que alcançou maior reconhecimento, prestígio e consagração internacionais", sublinha.
A Fundação EDP, que manteve com a "grande pintora" uma "relação de proximidade e colaboração", afirma que, "perante as suas pinturas, desenhos e gravuras, paramos para ouvir as histórias que os humanos e os animais nos contam".
Artista "irreverente, inovadora e profunda"
O embaixador da União Europeia no Reino Unido, o português João Vale de Almeida, lamentou a morte da pintora portuguesa Paula Rego, que descreveu como "irreverente, inovadora e profunda".
"Paula Rego foi uma grande embaixadora das relações culturais luso-britânicas, irreverente, inovadora e profunda. Goste-se dela ou não, ninguém foi ou será indiferente a Paula Rego e essa é a marca de uma grande artista", afirmou à Agência Lusa.
Também o embaixador de Portugal no Reino Unido, Nuno Brito, declarou, ser "uma tristeza perder uma artista portuguesa com esta qualidade".
"Todos os seres humanos são insubstituíveis, mas ela é insubstituível em particular porque enquanto artista atingiu níveis que muito pouca gente atinge e portanto para nós é uma tristeza", disse.
O diplomata recordou o reconhecimento da portuguesa no Reino Unido, onde a empresa dos correios Royal Mail chegou a emitir uma série limitada de seis selos inspirados em gravuras de Paula Rego, em 2005, e ao receber de várias universidades doutoramentos honoris causa.