Grupo punk californiano lança novo disco "Saviors" inspirado por disparates de Donald Trump, Elon Musk e as redes sociais.
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O mais recente trabalho dos Green Day é um regresso à velha e boa forma e que nos relembra porque é que esta se tornou a mais bem sucedida banda punk-rock de sempre. Músicas sarcásticas, repletas de atitude e humor, como mandam as boas regras do estilo. “Saviors” é um álbum sincero e feito com muitas ganas, quase em jeito catártico, para enfrentar os tempos estranhos em que vivemos.
Após mais de 30 anos de carreira e principalmente depois do menos conseguido “Father of all motherfuckers” (2020), tudo parecia indicar que os cinquentões da Califórnia já estavam a caminho da reforma. Eis senão quando a realidade se encarregou de providenciar combustível para que a máquina punk dos Green Day voltasse a carburar. E voltou cheia de vontade.
A ameaça do regresso ao poder de Donald Trump, as extravagância espaciais de Elon Musk ou as imbecilidades das redes sociais puseram em sentido as veias criativas do trio. O regresso de Rob Cavallo à produção devolveu a garra musical aos temas.
Há riffs contagiantes, refrões orelhudos e ricos arranjos melódicos de teclas, cordas e metais. As músicas exibem harmonias vocais inspirados no “Doo wop” dos anos 50 e também algumas reminiscências dos Beatles. Porém, o estilo mais dominante é uma espécie de “grunge punk pop” que várias vezes nos evoca Foo Fighters, por exemplo.
“Bobby sox” é o tema que mais se destaca e que quase podia ser uma versão “power grunge” de Weezer. “Living in the 20s” é outro dos pontos fortes do disco: riff poderoso e um refrão clássico de “american punk”, que poderia ser Ramones ou Bad Religion.
A confessional “Dilemma” ou a melódica “Saviors” também merecem nota muito positiva. Há ainda espaço para uma balada intimista e orquestral em “Father to a son” .
O resultado final é um disco que entra para o Top 5 da banda. E entraria facilmente no Top 3 se, em vez dos atuais 15 temas e 45 minutos, excluísse alguns temas mais medianos que nada acrescentam, e ficasse com 10 canções fortes e 30 minutos.