Novo espetáculo de Sara Barros Leitão chega esta sexta-feira a Torres Vedras e vai percorrer Portugal de norte a sul numa extensa digressão que dura até ao final do ano.
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Sara Barros Leitão tem uma veia de documentarista muito acentuada e um especial apreço por revisitar o passado e fazer dele uma obra de arte. Prova disso são peças como a “Teoria das três idades” e “Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa”.
Desta vez resolveu pegar em todos os discursos da Assembleia da República do pós-25 de abril e fazer deles um espetáculo: "Guião para um país possível”. A produção da Cassandra, estrutura que criou, preparou uma longa digressão que vai durar até ao final de 2024, estando escalonados vários teatros onde o público pode apreciar este pedaço da história portuguesa.
Esta sexta-feira, o espetáculo passa pelo Teatro-Cine de Torres Vedras e na próxima semana será a vez da Fábrica Ideias, na Gafanha da Nazaré. Em fevereiro, a peça tem agendadas datas no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal, e em março passa por três cidades: Coimbra, Vila Nova de Famalicão e Pombal.
Em abril chegará a Lisboa, Viseu e Santarém e em maio à Marinha Grande, Vila Real e Loulé. Em julho estará em Matosinhos, em setembro em Leiria, em outubro na Covilhã, Alcanena e Miranda do Corvo. Em novembro será terminada a digressão em Tondela.
O elenco é formado pela dupla de atores João Melo e Margarida Carvalho. O duo dinâmico conta a história do Parlamento português. Entre as bancadas dos deputados e a tribuna com membros do Governo existe, exatamente a meio da sala, uma secretária sem nada à volta onde trabalham dois funcionários que têm por exclusiva missão transcrever tudo o que ali é dito.
Através dos seus dedos, registam-se os discursos, as intervenções, os apartes, as insubordinações e até descrições dos gestos. São centenas de milhares de páginas que registam debates, assembleias constituintes, votações, avanços e recuos nos direitos sociais, laborais e humanos.
“Guião para um país possível” é um espetáculo criado a partir desses registos, apanhando num longo arco os últimos cinquenta anos da nossa democracia, num registo de teatro quase epistolar. A não perder.