Nova edição do festival Guimarães Jazz apresenta propostas que colocam o jazz em contacto com as artes visuais e sonoridades híbridas que esticam os limites do género.
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A 33ª edição do Guimarães Jazz acontece entre 7 e 16 de novembro e foi programada para preservar o pacto de confiança do evento com o público, sem recorrer aos artistas mais conhecidos, “ou mais favorecidos pela crítica ‘mainstream’”. Há muitos músicos portugueses e consolidam-se parcerias com instituições como a Orquestra da Escola Superior de Música e Artes (ESMAE) ou o Projeto Porta-Jazz.
Um quarteto liderado pelo trompetista Ambroise Akinmusire - um regresso a Guimarães, por onde passou em 2016 - abre o evento deste ano, no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF). Na primeira sexta-feira, começa a desfiar-se o rol de artistas nacionais, com a subida ao palco de um quarteto inédito, liderado pela vocalista Sara Serpa e pelo guitarrista André Matos (músicos nacionais com carreira no circuito norte-americano), acompanhados pelo baterista Jeff Ballard e pelo pianista Craig Taborn.
De acordo com a organização, o Guimarães Jazz reclama para si a tarefa de “contrariar” a narrativa de que o género está ultrapassado pelos acontecimentos e pelo progresso tecnológico. Pretende afirmar um “jazz criativo em sincronia com o seu tempo, bem como a defesa da posição autoral, contra a tendência de automatização do ato criativo”. Esta é provavelmente a edição com mais nomes portugueses e este é um dos pontos a destacar, sendo o outro a forte componente orquestral e presença de vários projetos fora do domínio do que mais tradicionalmente se classifica como jazz.
No sábado (dia 9), as parcerias do festival começam a revelar-se, neste caso com o João Rocha Quarteto - que surge através do Projeto de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro. Neste mesmo dia, o festival apresenta, pela primeira vez, o grupo de percussão nacional Drumming e regista o regresso de Maria Schneider para dirigir a “big band” espanhola Clasijazz. Domingo (dia 10), o palco volta a ser tomado pelos parceiros do Guimarães Jazz: a Orquestra da Escola Superior de Música e Artes, com o pianista Tommaso Perazzo; e o Projeto Porta-Jazz, propondo um espetáculo multidisciplinar que coloca o jazz em interação com as artes visuais.
Forçar limites
O festival fecha, no dia 16, com outra parceria, desta feita com a Orquestra de Guimarães e oito músicos macedónios, dirigidos pelo também macedónio, Dzijan Emin, num concerto de sonoridades híbridas. Os bilhetes já estão à venda e os preços variam entre os 10 e os 20 euros por concerto, com descontos de 10, 20 ou 30 por cento para quem adquirir ingressos para dois, três ou quatro espetáculos respetivamente.