A 4 de agosto de 1995, a Invicta disse "não" à venda do equipamento cultural à IURD. Movimento espontâneo juntou milhares, entre figuras públicas e povo.
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Quem vive no Porto, mesmo que já tenha trocado a Invicta por outras paragens, nunca esquece aquela tarde de agosto de 1995. A Rua de Passos Manuel, habitual trajeto para espreitar teatro e música, transformou-se numa "zona de guerra cultural", sem acessórios bélicos, mas com muito espírito bairrista e um grito comum: "O Coliseu é nosso!"
Hoje faz exatamente três décadas que Pedro Abrunhosa, então com 33 anos e o seu primeiro álbum, "Viagens", lançado há poucos meses, deu um passo inesperado, mesmo para quem já descobrira a sua nova faceta de artista contestatário. Com "Não posso mais" a tocar nas rádios, Abrunhosa algemou-se às grades do Coliseu. Não foi uma performance, não foi um ato de marketing ou promoção, foi para gritar que ali não podia entrar uma igreja, no caso, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Para Abrunhosa e para milhares de portuenses, o Coliseu era - é - sagrado.