
Museu das Marionetas do Porto foi um dos contemplados
Leonel de Castro / Global Imagens
Instituições culturais históricas têm agora a possibilidade de trabalhar o arquivo morto para estudo.
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A Direção-Geral das Artes (DGArtes) apresentou esta semana os resultados do primeiro Programa de Apoio em Parceria - Arquivos de Dança, Teatro e Cruzamento Disciplinar, com o objetivo de criar estímulos ao tratamento e conservação dos arquivos. O montante financeiro disponível é de 350 mil euros e foram apoiados 20 projetos no domínio da investigação ligada a práticas de arquivo e documentação do património artístico: 13 de teatro, seis de cruzamento disciplinar e um de dança.
Os projetos serão executados entre 31 de dezembro de 2021 e 31 de agosto de 2022. Cinco destes na Região Norte, três no Centro, 11 na Área Metropolitana de Lisboa e um no Algarve conseguiram financiamento. Na dotação havia três patamares: 20 mil euros, 15 mil euros e 7500 euros.
O Teatro de Marionetas do Porto foi uma das entidades apoiadas com o montante superior. Isabel Barros, responsável pela instituição, disse ao JN : "O projeto apresentado e financiado visa o tratamento do arquivo e coleção do Museu das Marionetas, com o objetivo de implementar um sistema de gestão de informação do acervo, essencial à concretização da missão da instituição, enquanto lugar de valorização e preservação da memória e experimentação artística".
Inaugurado em 2013, o Museu das Marionetas do Porto é único no seu género em Portugal, contando com uma vasta coleção de marionetas de autor, com objetos de tipologias diversas que integraram mais de 50 espetáculos, produzidos desde a fundação do Teatro de Marionetas do Porto, em 1988.
Restauro preventivo
O Teatro Experimental do Porto (TEP) foi apoiado com o mesmo montante pela DGArtes. Gonçalo Amorim, diretor artístico, contou que o TEP tem desde agosto o arquivo centralizado no CACE cultural do Porto. "Este apoio vai permitir tratar um acervo com 70 anos, algo que havia sido começado por Joaquim Portugal e que agora terá uma série de passos profissionais, como planos de classificação e conservação preventiva". No espólio têm "obras de arte, cartazes, folhas de sala, estudos de figurino, cenários e publicações". Daqui já resultaram uma exposição patente no Museu do Neo-realismo, em Vila Franca de Xira, e uma outra que inaugurará em julho de 2022 no Museu de Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante.
O Balleteatro foi uma das entidades apoiadas no patamar dos 15 mil euros. Né Barros, diretora, explicou que "os meios de documentação, até recentemente, eram escassos, e era importante trabalhar este arquivo morto que estava em suportes que já não são usados, para que possam ser trabalhados com a comunidade". O Balleteatro foi fundado em 1983 e há uma hipótese do arquivo ficar disponível a tempo dos 40 anos da instituição.
O Festival Internacional de Expressão Ibérica (FITEI), também apoiado, tinha um propósito claro: digitalizar as 1000 cassetes em arquivo. Para o concurso, o objetivo passava por tratar metade do espólio, que está "em processo de seleção e digitalização, devendo ficar disponíveis na plataforma do FITEI", disse Gonçalo Amorim.
Outros apoiados
Entre outras foram também financiadas a Companhia de Teatro de Almada, Artistas Unidos, Teatro da Garagem, O Teatrão, A Barraca, João Garcia Miguel, Útero, Companhia Maior e Colectividade Cultural e Recreativa de Santa Catarina, que trabalhará o Memorial do Chapitô. Estas entidades contêm material importante sobre o passado das artes performativas em Portugal.
Apoios por conseguir
Entre as não apoiadas estão, entre outras, a Associação Alkantara e o Teatro de Ferro. Igor Gandra, diretor artístico do Teatro de Ferro, explicou que continuará a "concorrer a este apoio, dado ser um concurso muito importante e um percurso que desejamos fazer". E acrescenta: "A linguagem artística é radicalmente efémera e é necessário combatê-la".
