Estreia de concurso Cascais Ópera acontece a partir deste sábado, com 47 candidatos de 21 países. Final é no Teatro Nacional de São Carlos, no dia 14 de abril.
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Entre este sábado e o dia 14 de abril, há ópera em Cascais. A vila, conhecida pelas suas praias e turismo, história e cultura, torna-se durante uma semana no epicentro deste género de música clássica, ao acolher a primeira edição do Concurso Internacional de Canto - Cascais Ópera.
A iniciativa partiu do barítono russo a residir em Cascais, Sergei Leiferkus e do pianista português, Adriano Jordão.
“A ideia foi do Sergei, um grande músico que decidiu retirar-se em Portugal, com discrição, há uns anos. Ele ficou a residir em Cascais e costumava comentar como naquela zona havia turismo, cultura, sol, mas não havia ópera, um concurso de canto”, explica Adriano Jordão ao JN.
O desafio foi proposto e o instinto do músico português, que já dirigiu vários eventos como o Festival Internacional de Música de Macau, foi de imediato o de aceitar.
Entretanto, deu-se uma pandemia, mas a estreia a acontecer neste abril de 2024 não poderia ser mais auspiciosa: o Cascais Ópera já se pode considerar um sucesso, ainda antes de acontecer.
Mais de 200 candidaturas
“O concurso foi anunciado no final de outubro e em dezembro tivemos de parar as inscrições e ainda havia depois quem quisesse participar”, adianta o também diretor do evento ao JN.
A organização recebeu mais de 200 candidaturas, vindas de 39 países.
“Se me perguntar porquê, eu digo que é sobretudo pela qualidade do júri”, atira Jordão. Este inclui músicos de renome mundial como Sergei Leiferkus, Aleksandar Nikolić do Teatro Nacional da Sérvia, Ivan van Kalmthout (diretor artístico do São Carlos), a soprano Ópera Nacional da Ucrânia, Maria Stefyuk, ou Robert Körner, diretor de Casting da Ópera de Viena, entre outros.
Também é “muito importante a oportunidade única de os finalistas atuarem no Teatro Nacional de São Carlos”, frisa o músico nacional. Há ainda 35 mil euros em prémios pecuniários em jogo.
Há portugueses a concurso
O evento leva a Cascais 47 talentosos cantores para enfrentarem um dos maiores desafios da sua carreira: a presença num concurso de Canto Lírico internacional, que pode mudar as suas vidas e o seu percurso.
Os candidatos vêm de todo o mundo, havendo vários portugueses a participar, adianta Jordão.
As primeiras provas presenciais, as semifinais e as masterclasses do concurso, acontecem em locais emblemáticos de Cascais como o Centro Cultural de Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego e o Museu Condes de Castro Guimarães, que acolhem uma semana “de música, de arte e de aprendizagem”.
O público pode assistir gratuitamente às primeiras provas iniciais e às semifinais dos candidatos, dentro do limite da capacidade de cada espaço, enquanto os interessados em assistir e participar nas masterclasses, uma “importante vertente educativa” do concurso, terão de se inscrever pelo site do Cascais Ópera.
A partir deste sábado, o referido “júri de elite” escolhe oito candidatos para a final de dia 14 de abril, às 17 horas, no Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa. Aqui, os finalistas podem brilhar num dos palcos mais importantes do mundo da ópera, acompanhados pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob direção do maestro Tom Woods.
Os bilhetes para a final estão à venda; os preços começam nos 10 euros.
Além dos prémios pecuniários que poderão ser conquistados, os finalistas terão também a oportunidade de garantir contratos de atuação em casas de renome internacional, além de convites para se apresentarem em grandes Festivais de Música.
“Carmen” para Berganza
Outro ponto alto deste primeiro Concurso Internacional de Canto - Cascais Ópera acontece além-competição: uma apresentação especial da ópera "Carmen", em homenagem à mezzo-soprano Teresa Berganza, falecida em 2022. Esta noite única acontece no dia 11 de abril, no Salão Preto e Prata do Casino do Estoril, com o maestro Nikolay Lalov a dirigir a Orquestra Sinfónica de Cascais, coadjuvado pelo maestro Francisco Pinheiro e com o Coro Participativo Cascais Ópera.
O elenco inclui Cátia Moreso (Carmen); Luís Gomes (Don José); Sergei Leiferkus (Escamillo) e Carla Caramujo (Micaela), sob a direção cénica de Jorge Rodrigues.
Esta versão semi-encenada da famosa ópera de Bizet homenageia e respeita a visão que Teresa Berganza tinha de "Carmen", expressa por si numa carta. Berganza dá também nome a um dos prémios principais do concurso, o 1º Prémio “Teresa Berganza”, para voz feminina ou contratenor atribuído pela Fundação “la Caixa” em colaboração com o BPI.
Maurício Bensaude nomeia prémio
Para a voz masculina, o 1º Prémio tem o nome do barítono português Maurício Bensaude, com o objetivo de “celebrar o legado de artistas nacionais que tiveram impacto no mundo da ópera a nível internacional”, frisa Adriano Jordão.
Para o pianista, há então um legado a celebrar, mas também um futuro para vislumbrar, já que o género musical e o canto recomendam-se.
“Da minha visão, estive muitos anos fora, estive no Brasil como Adido Cultural de Portugal [em Brasília até 2011]. E sinto que quando regressei encontrei um país diferente neste campo, uma preparação muito melhor, os jovens bem preparados, muito empenhados. Por isso um concurso como este é muito importante agora, precisamente para ver-se que há empenho, vontade, e gosto, de se fazer ópera em Portugal”, concluiu.