“Vamo-nos divertir hoje à noite, Lisboa e arredores”. E o prometido é devido: Harry Styles tornou o seu regresso a Portugal memorável para as 60 mil pessoas que encheram esta terça-feira o Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.
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Esta terça-feira, com concerto esgotado há quase um ano, o cantor britânico de 29 anos apareceu no palco ao som de “Daydream”, um dos êxitos do terceiro álbum - "Harry's House" - que está a promover nesta segunda parte da “Love on Tour”. E o penúltimo concerto da digressão fez de facto jus ao nome: as 60 mil pessoas que encheram Algés conseguiram sentir, certamente, o amor, a alegria e a liberdade nos mais de 20 temas que cantaram letra a letra, bem como nas palavras do artista, que tornaram o espetáculo numa autêntica festa onde há sempre espaço para todos.
De colete e calças com lantejoulas, Harry Styles brilha debaixo do holofote. "Quere ver toda a gente a saltar. Em um, dois, três, vamos!". Com esta energia, o britânico não falhou em fazer sentir qualquer um em casa. Aliás, a noite foi marcada pela interação calorosa e divertida do anfitrião com os que tornaram esta digressão a melhor em toda a sua vida - e que, por isso, agradeceu várias vezes até sair de palco, inclusive em português. "Estão emocionalmente estáveis?", perguntou em tom de brincadeira depois de um começo contagiante desde o primeiro segundo com muitos saltos e dança ao som de "Golden" e "Adore You".
Para recuperar o folgo, Harry Styles começa a escolher cartazes para ler entre as dezenas erguidas em frente ao palco. O ano passado, na Altice Arena, em Lisboa, o cantor testemunhou o pedido de casamento de um casal jovem de fãs. A experiência, que se tornou viral nas redes sociais, elevou as expectativas da multidão. Desta vez, desejou os parabéns a uma fã chamada Joana.
Mas o inesperado ainda estava por vir. "Can you help me come out?", leu o artista. Uma adolescente chamada Júlia pedia, assim, ajuda para assumir a sua identidade de género ou sexualidade. E Harry cumpriu: quando erguesse a bandeira LGBTQIA+ que atiraram para o palco Júlia estaria fora do armário. Para isso, o cantor pediu à banda que improvissasse uma "música gay acelerada" que o acompanhasse. "Liberdade para a Júlia", gritou, com o público emocionado de felicidade.
A celebração continuou com temas que chamam influências do jazz, eletro pop e R&B que viraram Algés numa verdadeira pista de disco ao som "Satellite", "Late Night Talking", "Cinema", "Music for a Sushi Restaurant" e "Treat People With Kindness".
O alinhamento não mudou muito desde que Harry Styles atuou pela primeira vez a solo em território nacional, também com concerto esgotado, mas na Altice Arena, em Lisboa. Ainda assim, não faltaram surpresas. Depois de Wet Leg ter "aquecido" os fãs durante cerca de 40 minutos na abertura do concerto, o cantor pediu que a dupla britânica voltasse a subir ao palco para o companhar em dois temas. "Wet Dream" acabou, assim, por fazer Algés saltar duas vezes na mesma noite.
Em "Daylight", ainda com a dupla feminina de indie rock em palco, os mais atentos foram supreendidos com um 'sneak peek' de uma fração de segundos do videoclipe há muito aguardado e que sairá esta quarta-feira.
Nesta segunda parte da tourné, Harry Styles passou a esgotar estádios e recintos de maior dimensão. O ambiente em Algés foi completamente esse: o de festival de verão, com muitas bancas de comida, bebida e a familiar relva sintética. Apesar da grande distância do palco para a maioria dos fãs, a presença contagiante da estrela pop trouxe vida ao palco onde nas este mês já passaram também The Weeknd, em nome próprio, e Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys ou Sam Smith, cabeças de cartaz do Nos Alive.
"Não vejo”, “Tentamos ir mais para o lado” ou “Quero conseguir ver pelo menos o ecrã” comentavam algumas pessoas no setor do relvado ainda durante a primeira parte do espetáculo. Alguns fãs tentam ter um melhor ponto de vista em cima dos contentores do lixo espalhados pelas laterais do recinto. Muitos optaram por ficar ao fundo, onde, apesar de mais longe, conseguiam ver o palco no seu todo e ainda ter espaço para dançar.
Na casa de Harry Styles, embora sempre em ambiente de festa, não faltaram momentos mais intimistas que fizeram a multidão levantar os braços no ar, com as lanternas dos telemóveis ligadas, para acompanhar "Matilda", "Sign of the Times" e "Fine Line" - esta última sempre muito esperada pelos mais aficionados. Muitos partilharam o momento por videochamada com alguém especial que não pôde ou não conseguiu ir ao espetáculo.
E se, por momentos, pareceu que o público subiu de tom para recuar a 2011 com "What Makes You Beautiful" (e um excerto de "Best Song Ever") - o single que, na altura, lançou, à velocidade, a boy band da qual Harry Styles foi membro -, não se esperava o êxtase que viria mais tarde, já no encore de quatro temas. Bastou ouvir o primeiro acorde de guitarra para a multidão perceber que o britânico lhe estava a fazer a vontade. Canta "Medicine", uma das músicas mais cobiçadas pelos fãs, escrita para o primeiro álbum a solo do artista, mas nunca chegou a ser lançada. O refrão ficou por conta dos milhares à sua frente.
Harry Styles manteve a mesma energia em palco até à reta final. "As It Was" envocou a frase provavelmente mais aguardada pelos fãs que, em jeito de brincadeira, tem usado para sugerir que o artista volte para o velho continente. "Leave America", gritou a multidão com toda a força.
Mais uma vez, Harry Styles não se deixou fotografar pela imprensa, ficando vários momentos registados pelos telemóveis de fãs e pela mesma lente que o tem fotografado ao longo da digressão. Não faltou a habitual brincadeira dos fãs nas primeiras filas "batizarem" o artista com água. Desta vez o britânico serviu a vigança com cerveja.
"Nunca fui tão feliz na minha vida", confessou. Foi com emoção e quase já sem palavras que Harry Styles se despediu de Algés. Muito aplaudida foi também a banda que tem tocado com o cantor durante estes dois anos de digressão - a "love band", composta por Ariza e Mitch Rowland (ambos na guitarra), Elin Sandberg (no baixo e voz), Sarah Jones (na bateria), Madi Diaz (guitarra e voz), Yaffra (no teclado) e Pauli Lovejoy (nos instrumentos de percussão).