Nininho Vaz Maia, Iñigo Quintero e Maria Becerra abriram a primeira edição do festival no Prado de Serralves, no Porto. As primeiras impressões são positivas.
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“É tão estranho estar aqui com tanta gente à minha frente! Até há uns meses eu só era conhecido na minha casa”. Foi com esta humildade, dentro de uma t-shirt branca, calças de ganga justas, que Iñigo Quintero, o galego sensação de 22 anos, autor do super êxito “Si no estás”, se apresentou no primeiro dia do North Festival, no Prado de Serralves, no Porto.
Desenganem-se: Iñigo não é só um “one hit wonder”, como se comentava entre o público. “Como cabe toda esta intensidade emocional num miúdo?”. Os temas “El equilibrio “ e “Sin tiempo para bailar” puseram uma franja grande de público a cantar em uníssono com ele.
Olé Nininho!
Mais fãs e mais acérrimos teve Nininho Vaz Maia, o cigano português que subiu ao palco com seis músicos e duas coristas e mostrou imediatamente que estava ali para domar toda a gente. O triunfo foi total.
Há temas em que mete um compasso de salsa dançável e pede o tempo todo palmas a acompanhar. Mas o que salta à vista é a pose: os seus golpes de anca deixam as fãs completamente rendidas.
A fórmula de êxito de Nininho está na música cigana portuguesa, e nos tangos e rumbas que lhe mete. As coristas dançam atrás dele, agitam os seus cabelos negros, ondulam os braços em “jaleo”. O cantor abriu com “Bebé”, seguindo-se “Hoje estou chateado”. Mas foi com o seu “quejío” flamenco que entrou em “Bailando”.
E Santiago cantou
Na primeira fila, o pequeno Santiago, o menino que tinha um cartaz a pedir para cantar com ele, realizou o seu sonho e entrou no refrão de “Não vou”. Foi muito carinhosa a forma como Nininho pegou no pequenote ao colo, deixando o público embevecido a suspirar.
“Te quiero”, “Foste embora” e “Não sou perfeito” vieram a seguir na receita de êxito. Mas os temas “Soy gitano” e “Calon”, em que reclama que “o cigano já não vive à volta da fogueira”, foram os mais celebrados - e deviam ser um hino contra a xenofobia em Portugal.
Na reta final apresentou, já descalço, “Gosto de ti”, a música que gravou com o filho Cristiano e o êxito “E agora?”. Fechou com “Quiero bailar”, o público todo de mãos no ar. Para rematar a festa ouviu-se um colossal “Olé!”.
A Anitta argentina?
Depois da grande intensidade emocional de Nininho, várias bandeiras argentinas agitavam-se no ar, anunciando que o Dia da Hispanidade estava ao rubro. E foi aí que Maria Becerra entrou em palco.
Uma nota : a cantora é conhecida do público português pela música com Pablo Alborán “Amigos”, mas o seu espetáculo tem tudo menos esse registo.
Uma rapariga no público disse: “Esta é a Anitta argentina!” - seria uma crítica ou um elogio? O que quer que seja, terá a sua razão, potrque a fórmula é a mesma: fatos coleantes, bailarinos másculos, passos sexualizados.
“É tão bom estar aqui”
Mas Maria estava feliz: “Pensei que não viria ninguém por mim. Muito obrigada por tudo. É muito bom estar aqui, num país diferente, numa cultura diferente, com um idioma diferente. Obrigado!”.
E depois entrou num registo de cumbia e transformou o prado numa enorme pista de dança, com o seu poderoso quadro vermelho em cena mimetizado pelo público. Mas, Maria Becerra, nem sempre a fanfarra de confetes e fogo vão diretos ao coração.