Alegada interferência de Donald Trump no afastamento de Jimmy Kimmel dos ecrãs reacende o debate sobre a liberdade de expressão nos EUA.
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Primeiro foi Stephen Colbert, que viu a CBS anunciar a intenção de retirar "The late night show" do ar quando o atual contrato chegar ao termo, em maio de 2026. Na semana passada, "Jimmy Kimmel live!" foi suspenso por tempo indeterminado, na sequência de comentários relativos à morte do ativista Charlie Kirk, considerados inapropriados pela ABC. Em ambos os casos, o presidente norte-americano reagiu efusivamente, aplaudindo a decisão com base "nas terríveis audiências" dos programas apresentados pelos humoristas e no seu "talento zero".
Tanto bastou para que o debate sobre a liberdade de expressão nos Estados Unidos se reacendesse de forma vigorosa, com acusações acaloradas de ambos os contendores e o receio de que "uma nova era de censura" possa estar a caminho, como titulou o "The Washington Post", lembrando a "caça às bruxas" orquestrada pelo senador McCarthy nos idos dos anos 1950. No centro da polémica está, mais uma vez, Donald Trump, ele próprio um frequentador habitual destes "talk shows" durante anos. Apesar das críticas despudoradas aos anfitriões dos programas e da suspeita lançada de que as licenças de televisão dos canais supostamente prevaricadores pudessem vir a ser revogadas, o magnata procurou nos últimos dias corrigir as intervenções iniciais, ao fazer saber, através da sua porta-voz, Karoline Leavitt, que "a decisão de despedir Jimmy Kimmel foi tomada pelos executivos da ABC". "O presidente dos Estados Unidos não exerceu qualquer pressão", reforçou, numa entrevista ao canal televisivo Fox News.