Capicua, Rita Redshoes e Luísa Sobral acabam de publicar obras infantojuvenis. Dia Mundial da Criança é esta quarta-feira.
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Conhecemo-las há muito pelas suas canções, mas, fora dos palcos, têm na escrita para crianças uma paixão comum, que agora partilham em livros.
Capicua, Rita Redshoes e Luísa Sobral estão entre as artistas que, no último par de meses, fizeram chegar às livrarias obras muito diversas, unidas pelo gosto comum das histórias.
A estreante nessa incursão literária é Luísa Sobral, que publicou no mês passado, com a chancela da Caminho, o livro "Quando a porta fica aberta". Foi numa das leituras diárias de histórias aos seus filhos que a cantora e compositora se lembrou de uma premissa para um possível livro: e se, como tanto temem os mais pequenos, os armários escondessem mesmo estranhas criaturas, embora não necessariamente maléficas? "É um livro que pretende fomentar a imaginação, tão importante nas crianças, mas também ajudá-las a vencer os seus medos", explica Luísa Sobral, que optou por escrever em verso, por já estar habituada a essa formula nas canções de que é autora.
A experiência da escrita foi "divertida", para o que contribuiu a forma como os seus dois filhos se identificaram com a história. "Repetir a aventura é uma possibilidade", revela a artista, que, porém, tem outros planos a envolver a escrita: "Estou a escrever um romance há anos e quero terminá-lo assim que me for possível. Como grande leitora que sempre fui, quero que seja um romance de qualidade e não apenas mais um".
"lado infantil aceso"
Já com três livros para os mais novos e com planos para escrever mais, Rita Redshoes é a mais experiente do trio.
A parceria com a Betweien, empresa do ramo educativo, resultou até ver na escrita de dois livros: "Rita e a floresta dos legumes", publicado em 2017 e já na sexta edição, e o mais recente "Rita e a aventura feliz".
Se no primeiro o enfoque estava na alimentação, agora a autora de "Life is a second of love" investe na componente emocional. Abordar temas educativos de forma lúdica é o conceito central destes livros, em que se deteta o seu gosto muito particular por esta faixa etária, com quem já se cruzou em projetos tão distintos como bandas sonoras, dobragens ou peças de teatro.
"Continuo com um lado infantil muito aceso. O apelo do universo do fantástico é uma constante em mim", observa a artista, cujo mais recente disco, "Lado bom", foi inspirado pela experiência da maternidade.
A ligação de Rita com a escrita é, na realidade, anterior à relação com as canções. Em criança, recorda, escrevia histórias que depois lia de forma arrebatada à restante família.
Por continuar tão próxima desse imaginário, afirma saber a melhor maneira de conseguir criar vínculos com esse público. "A melhor forma de as crianças aprenderem conceitos é usando a imaginação", assegura, convicta de que essa fórmula provoca "imagens internas muito fortes".
MENSAGEM AMBIENTAL
Há cinco anos, o projeto Mão Verde, feito em parceria com o músico Pedro Geraldes, mostrou um lado diferente de Capicua. Neste livro-disco, a mensagem ambiental e sustentável atravessa todos os poemas e canções, que foram trauteados por muitas crianças pelo país fora.
"Graças a esse projeto, fiquei a conhecer melhor os atalhos para esse imaginário tão especial", adianta.
Agora, já depois de ter sido mãe pela primeira vez, a rapper reincide na aventura, ainda que com outros contornos. A educação ambiental continua a ser um propósito firme, mas o núcleo de integrantes alargou-se, com a entrada de Francisca Cortesão e António Serginho.
"Agora somos uma banda", reforça a artista, satisfeita com a forma como cada tópico permite a exploração de um determinado género musical.
Se os seus temas já tinham o condão de chegar a pais e filhos, o "Mão verde II" vai ainda mais além. O que deixa a artista embevecida: "Sempre quis que o meu trabalho fosse o mais plural possível".