Quarta edição do festival leva a Évora concertos, documentários musicais e conversas sobre arte e território. Começa esta sexta-feira e prossegue até 25 de maio.
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Retira o seu nome do estatuto alcançado pelo cante alentejano, em 2014, quando foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. E foi um dos eventos culturais que contribuiu decisivamente para a vitória de Évora na candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027.
Chama-se Imaterial, tem direção de Carlos Seixas, histórico programador do Festival Músicas do Mundo de Sines (FMM), e apresenta, em vários locais de Évora, entre esta sexta-feira e 25 de maio, cerca de 20 concertos em sessões duplas, um ciclo de cinema documental e uma série de conversas em torno dos tópicos que movem o festival: música, paisagem e património.
O evento de abertura ilustra bem o conceito do Imaterial: performance do galego Abraham Cupeiro em pleno Cromeleque Vale Maria do Meio, um monumento do neolítico. Mais tarde, no Teatro Garcia de Resende, em Évora, o artista junta-se à Orquestra de Câmara Eborae Música, seguindo-se o concerto de Lina_, que irá apresentar o novo “Fado Camões”.
Nos outros dias, há um desfile de world music, com nomes como Emel, voz da Tunísia associada à música da “primavera árabe”, Dasom Baek (Coreia do Sul), Meher Angez Trio (Paquistão), Duo Ruut (Estónia), Parveen & Ilyas Khan (Índia), Tablao de Tango (Argentina) ou a portuguesa Emmy Curl. Há ainda o encontro, na Herdade do Freixo do Meio, entre a música tradicional galega de Os Do Fondo da Barra e os Cantares de Évora, guardiães do cante alentejano na cidade.
O tema deste ano é a transmissão de saberes entre gerações: “Privilegia-se a criatividade dos mais novos e o diálogo com os clássicos, dentro dos seus variados estilos”, diz Carlos Seixas. O responsável aponta também aos propósitos mais vastos do festival: “É um espaço de liberdade, de criação de oportunidades, de defesa da livre circulação artística, presta tributo a músicos imigrantes, à experiência de viver longe das suas raízes, à música que nasce destes artistas e que emerge nas suas comunidades.
Todas as sessões duplas de concertos têm o preço simbólico de 3 euros e os documentários, que cobrem um período de 40 anos e contam fascinantes histórias musicais de Madagáscar, Cuba ou Reino Unido, são de acesso gratuito.