Indie Júnior decorre a partir de hoje e até domingo em sete espaços emblemáticos do Porto. Há programação para bebés, crianças, jovens e adultos.
Corpo do artigo
De olhos postos no mar, a sétima edição do Indie Júnior - Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil traz um cardápio com 55 filmes de 18 países que serão apresentados em sete lugares icónicos do Porto, entre hoje e domingo.
Haverá seis sessões competitivas, para públicos dos três aos 15 anos, sessões especiais que não olham à idade, oficinas, debates, concertos. E há o desejo de envolver as famílias e a comunidade, diz Irina Raimundo, a diretora, que deixa um guia de sugestões para os próximos dias.
"O Indie é o filho que foi estudar para fora", brinca Irina ao lembrar a origem do festival, que começou por ser a secção infantojuvenil do IndieLisboa, certame que se realiza desde 2004, e se autonomizou em 2016, mudando-se para a Invicta. Será acolhido este ano em espaços como o Batalha Centro de Cinema (que recebe o seu primeiro festival), Coliseu, Casa das Artes ou Reitoria da Universidade. E conta com a participação de crianças e jovens da região na escolha dos filmes a concurso.
"Temos estudantes de várias escolas da área metropolitana do Porto que integraram o projeto "Eu programo um festival de cinema" e selecionaram dez filmes da competição internacional", diz Irina Raimundo. Também na atribuição do Prémio Impacto, que distingue obras com preocupações sociais e ambientais, há um grupo de estudantes, juntamente com investigadores da Universidade do Porto, que compõem o júri.
A intenção de "trazer os pais ao cinema através das crianças" é um dos objetivos do Indie. E a sessão "Famílias em salpicos", que apresenta seis curtas de animação focadas nas relações familiares, é das que mais bem ilustram esse propósito. A diretora chama a atenção para "Sons", da mexicana Gabriela Badillo, que lembra a célebre madalena de Proust, ao utilizar o som como dispositivo que convoca memórias, neste caso a de um avô sonoplasta, alguém marcante na vida da neta, que ao recordá-lo dá continuidade ao trabalho do familiar.
No Foco Noruega, país escolhido pela sua forte relação com o mar, Irina Raimundo salienta duas curtas - "A cerca de espinhos", de Anita Killi, que explora o tema da guerra e das amizades que apesar de tudo lhe sobrevivem; e "A minha avó engomava as camisas do rei", de Torill Kove, uma animação autobiográfica com referências a Portugal - e a longa-metragem "O verão em que descobrimos os nossos superpoderes", de Silje Salomonsen e Arild Ostin Ommundsen, que trata da "aceitação das diferenças dentro da família e de aprendermos a gostar delas".
Apelo final para o conjunto de obras reunidas em parceria com a FILMar, projeto ligado à Cinemateca Portuguesa, de Lisboa. Em três sessões escolares, serão exibidos dez filmes, entre documentários, anúncios institucionais, publicidade e ficção, que retratam atividades marítimas no país do início do século XX - a indústria baleeira, as férias na praia ou o naufrágio do paquete Veronese, ao largo de Matosinhos, em 1913. Estas imagens entrarão em diálogo com a música de Vítor Rua e Ilda Teresa de Castro no filme-concerto "Marés", que encerra o festival, no domingo, no Batalha.