Indie Fest fechou o cartaz e regressa de 4 a 6 de setembro a Baltar.
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É em setembro que tudo regressa. O cheiro da terra húmida, o eco de vozes em harmonia com o som dos sintetizadores e das guitarras em feedback. A Floresta Mágica da Quinta do Cabo, em Baltar, volta a ser o coração palpitante da música independente nacional. O Indie Music Fest, de 4 a 6 de setembro, fecha finalmente o cartaz — e fecha em beleza. Papillon, um dos maiores nomes do rap português, junta-se a uma seleção cuidada de artistas que celebram o que de mais autêntico se faz por cá. Mas este festival é mais do que música: é uma experiência sensorial onde o som encontra a natureza, onde os palcos se escondem entre as árvores e onde a cultura pulsa sem filtros.
Este ano, o festival reforça o seu compromisso com a diversidade sonora, acolhendo mais de 30 nomes, entre eles Os Pontos Negros, que celebram 20 anos com um concerto exclusivo, e ainda David Bruno, Bateu Matou, Ganso, Hause Plants e muitos mais. Com a confirmação de Papillon, fecha-se um cartaz que atravessa géneros, gerações e geografias — e que volta a fazer do Indie Music Fest um lugar de descoberta.
Papillon, que começou a dar nas vistas na Liga Knock Out e consolidou o seu nome com os GROGNation, traz agora o peso de uma carreira marcada por profundidade lírica e inovação sonora. Depois de "Deepak Looper" e "Jony Driver", o rapper chega ao festival como voz de uma geração que se recusa a aceitar verdades absolutas. O seu espetáculo é mais do que um concerto: é um ritual de catarse, onde dor e esperança dançam lado a lado.
Mas há mais surpresas. O cartaz conta com estreias e projetos desafiantes: The Dick Tator, sátira sonora aos regimes autoritários; Done Deal, alter ego do agitador cultural Carlos Milhazes; Lumière, que funde jazz e techno com mão firme; Offtides, supergrupo indie que explode com caos e emoção; e Sadhäna, que invoca o espírito dos anos 70 com olhar contemporâneo. Tudo isto pontuado pelos sets imersivos da DJ Mimi ou os vocais intensos dos Warout, entre outros.
O festival também pensa nos mais novos com o Mini Indie, uma área dedicada a crianças dos 3 aos 12 anos, com entrada gratuita das 14h às 18h, concertos, oficinas criativas e jogos. E não se esquece de quem está agora a começar: a final do Indie Talents (a 21 de junho no CCP) promete revelar novos talentos como Jacaréu, Pomadinha ou Anemona, com um prémio que inclui atuação no festival e apoio à produção musical. A final será apadrinhada por Chico da Tina, com DJ sets de Sir Scratch e DJ Kwan.
Com dois palcos principais e duas novas zonas de programação autónoma, o recinto está preparado para receber tribos diferentes num mesmo corpo festivo. A alma continua a ser a mesma: o prazer de descobrir música com quem sente da mesma forma. O Pack Tribo permite comprar 6 passes gerais por 120 euros (20 euros por pessoa), mas também há bilhetes diários (desde 10 euros) e opções de glamping para quem quiser dormir entre árvores com algum conforto.
O Indie Music Fest é isto: o reencontro com a música em estado puro, com raízes no underground e ramos estendidos ao futuro. Um lugar onde cada acorde tem espaço para respirar. Onde cada pessoa é bem-vinda — desde que traga ouvidos atentos, mente aberta e vontade de se perder na floresta certa.
4 de setembro (quinta-feira)
Sullen
The Dick Tator
Ruído Roído
Needle
Copa Funda
Noia
DJ Bubbles
5 de setembro (sexta-feira)
Os Pontos Negros
David Bruno
Quadra
Offtides
Yakuza
Vitória Vermelho
Ocenpsiea
Jay Mezo
Gorjão
Garajau
Sadhäna
Lumière
Done Deal
Fátima Neto
6 de setembro (sábado)
Papillon
Bateu Matou
Ganso
Hause Plants
Bad Tomato
Manga Limão
J. Mystery
Warout
Samalandra
Rui Taipa
Tendency
Mimi
Vencedor do Indie Talents