"Há uma noite para passar" é um espetáculo-concerto com nova tecnologia. Estreia esta terça-feira à noite na sala do Capitólio, em Lisboa. Os bilhetes já esgotaram.
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Há 41 anos, na discoteca Trumps, em Lisboa, um ainda relativamente desconhecido António Variações dava o seu primeiro concerto, iniciando um fenómeno de culto e admiração, tanto pelo público como pelos seus pares, que perdurou muito após a sua morte e permanece ainda hoje. Agora, o autor de "Canção do engate" e "Estou além", regressa aos palcos de maneira surpreendente: em formato virtual, naquela que será a primeira atuação em holograma de um artista português.
Com ajuda da banda do filme "Variações" - ou seja Sérgio Praia, que interpreta o artista na ficção de 2019, e ainda Vasco Duarte, Armando Teixeira, Duarte Cabaça e David Silva -, o público da sala Capitólio, em Lisboa, vai poder reviver um momento histórico de 1981, com o recurso das mais avançadas tecnologias.
Reviver noite de 1981
"A ideia surgiu a propósito do lançamento do novo smartphone S22 tendo por base a sua Nightography, que no fundo é a capacidade da câmara filmar e tirar fotografias com baixa luminosidade" explicou ao JN Ana Oliveira, da Samsung, marca responsável pela iniciativa. "No fundo, queríamos mostrar esta capacidade, mas com um eixo de inovação e portugalidade", acrescentou, tendo também sempre presentes as audiências de concertos e "a crescente necessidade que muitos sentem em eternizar certos momentos, embora esteja normalmente muito pouca luz". Juntamente com a agência Uzina idealizou-se, assim, um revivalismo daquela noite do primeiro concerto de António Variações "que na altura foi no Trumps mas neste caso será no Capitólio", adianta Ana Oliveira.
Foi a 18 de março de 1981 que António Variações deu o seu primeiro concerto na mítica discoteca lisboeta. A noite ficaria para a história do próprio espaço e da capital, tendo sido recriada parcialmente no filme de João Maia, em 2019. Agora, explica Ana Oliveira, recorre-se à ajuda de um holograma, algo "que será em Portugal feito pela primeira vez embora lá fora já o tenha sido, noutros concertos, com esta tecnologia".
Tecnologia em segredo
A experiência é inédita: haverá banda em palco, as músicas são tocadas ao vivo e as imagens no ecrã tornarão viva a memória de Variações. A tecnologia do holograma foi trabalhada com o Multishow e o Studio Nuts.
A organização prefere não desvendar mais detalhes para manter o impacto da nova experiência, hoje, às 21 horas, no Capitólio. Entre os espectadores estarão presentes vencedores de um concurso que vão filmar o espetáculo e contribuir para um filme-concerto que será depois disponibilizado. O público da sala também poderá usufruir das imagens que vão sendo filmadas por telemóveis e passando nos ecrãs laterais. O concerto já está esgotado há várias semanas.
Um vulto inovador
Variações nasceu António Joaquim Rodrigues Ribeiro, no dia 3 de dezembro de 1944, numa aldeia em Amares, Braga. Ainda adolescente, mudou-se para Lisboa, onde viria a abrir, já depois de passar por Londres e Amesterdão, o primeiro cabeleireiro unissexo da cidade.
Em 1978, já com o nome artístico de António Variações, enviou a sua primeira maqueta com músicas para a editora Valentim de Carvalho; tendo, em apenas seis anos, até à sua morte (1984), composto alguns dos temas mais emblemáticos da música portuguesa, como "É p'ra amanhã", "O corpo é que paga", ou a "Canção do engate".
António Variações é considerado um vulto inovador na música e permanece até hoje como um dos artistas mais aclamados, reinterpretados e reeditados em Portugal.