Festival de inverno abre acima das expectativas. Primeiro dia com uma maioria de espectadores mais novos. Sábado espera-se multidão de quarentões para ver James.
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Nos primeiros minutos de abertura de portas no Altice Fórum Braga, esta sexta-feira, Marco Polónio, diretor do Festival Authentica, estava visivelmente satisfeito com a venda de bilhetes: “Está a superar as duas edições anteriores”, diz ao JN.
Com Allexia já a atuar no palco Urban, percebia-se que quem andava por ali ainda estava a tomar o pulso ao espaço. A organização, que a cada edição tem procurado adaptar a programação ao público, pretendia chegar aos espanhóis e bastava apurar o ouvido para perceber que o objetivo foi alcançado.
Espanhóis encantados
Miguel e Alina, pai e filha, vêm da zona de Vigo “para um fim de semana com tempo de qualidade”. O pai, com 42 anos, confessa que no primeiro dia não há nada no cartaz que lhe agrade, “mas amanhã [sábado] quero muito ouvir James pela quarta vez e The Kooks pela primeira, eles são sempre um espetáculo garantido”.
Alina, de 14 anos, quer muito ouvir Lukas Graham e Luíza Sonza, “mas tenho uma amiga que diz que Nininho Vaz Maia também é muito bem”.
Miguel estava com a mente aberta para acompanhar a filha e Alina também gosta de James: “Comecei a ouvir no carro desde pequena”, diz a sorrir.
Meia casa para Nininho Vaz Maia
Num pavilhão com capacidade para 12 mil pessoas, o primeiro grande nome do cartaz do festival de inverno teve uma plateia com cerca de cinco mil pessoas.
A frente de palco no concerto de Nininho Vaz Maia esteve animada, embora se notasse que, às 21 horas, o festival ainda estava a “ganhar corpo”. Continuava a haver muita gente a entrar e na zona de alimentação, quando Nininho anunciava, “eu canto à minha maneira, eu vivo à minha maneira”. O público delirou quando o cantor de “Soy gitano” desceu do palco para se aproximar das fãs.
“Gosto muito dele, é um cantor que tem uma forma especial de tocar em temas muito importantes, como a paz e a justiça”, afirma Ricardina, de 17 anos, enquanto acaba de publicar um vídeo no Tik Tok da passagem que o artista fez à sua frente. “E também sabe falar muito bem de amor”, acrescenta a amiga, Filipa de 16 anos.
“Mistura” é, provavelmente, a palavra que melhor define o espetáculo de Nininho Vaz Maia. Canta em português e em espanhol e em qualquer coisa a meio entre as duas línguas, “a minha maneira”, como ele próprio avisa. Não é bem reggae, nem hip-hop, nem música popular portuguesa, mas, aqui e ali, soa a todas elas. O cantor foi um poço de energia, no início do concerto, a acordar um público acabado de chegar. O esforço compensou, a audiência seguiu o artista - mérito dele - e, a partir do meio do concerto, a “vibe” estava em alta e segurou-se assim até ao fim.
Lukas Graham em registo natalício
A banda dinamarquesa apanhou o público do Authentica já em “grande andamento”, depois do arranque com Nininho Vaz Maia. Lukas Forchhammer (o vocalista) conseguiu segurar a parada. Apesar dos temas sérios que muitas das canções abordam, como o alcoolismo - “Drunk in the morning” -, a banda não deixou o concerto arrastar-se para um tom sorumbático. Os Lukas Graham são, neste momento, escravos do tema “7 years”, que a maioria da audiência aguardava impacientemente. A canção, hit internacional, acabou por chegar lá mais para o fim do concerto, em versão ”extended” e foi o delírio total. Como bónus, o público do Authentica ainda levou um belíssimo tema de Natal, no registo típico do grupo, entre o pop e R&B.
Palco Urban foi pequeno para conter o funk brasileiro de MC Cabelinho
A tenda do palco Urban encheu-se de adolescentes para ouvir o cantor e compositor brasileiro MC Cabelinho. Foi a primeira grande enchente no primeiro dia do Authentica. Quando o artista carioca terminou já Luíza Sonza cantava no palco principal, o resultado foi uma onda de gente a transferir-se da tenda para o interior do Altice Forum Braga, para não perderem pitada do concerto da cantora.
Ana e Catarina, ambas com 10 anos, estiveram na frente do palco, nas primeiras músicas, “porque queríamos vê-la de perto”, mas não aguentaram a pressão de tanta gente maior, em frenesim à sua volta. “A maior parte do pessoal, nas primeiras filas, tem 14, 15, 16 anos, com um bocado mais de corpo e elas preferiram vir aqui para trás”, refere o pai de uma delas que veio a acompanhar. Mesmo mais recuadas, as duas equipadas com t-shirts da cantora, continuam a cantar as músicas que garantem que sabem “todinhas”.
Público português vibra com temas autobiográficos de Luíza Sonza
Luíza Sonza, que se apresenta no Campo Pequeno, em Lisboa, na segunda-feira, e já tem casa cheia, foi o concerto com mais público da primeira noite do Authentica. “Chico se tu me quiseres sou dessas mulheres de se apaixonar/ Pode fazer só fumaça o bar da cachaça vai ser nosso lar”, o público do Authentica sabia cantar de cor “Chico”, música de recorte autobiográfico que é um dos grandes sucessos do álbum “Escândalo Íntimo” que constituiu a espinha dorsal do espetáculo da cantora brasileira.
Expectativas superadas
Marco Polónio diz que o festival é mesmo assim: “Temos dois palcos, o Urban para malta nova e o Authentica, para gente mais velha”. A organização tem vindo ajustar-se: “Na primeira edição tínhamos quatro palcos, um só para música eletrónica e outro para bandas emergentes, mas percebemos que não funcionava”, esclarece o organizador.
Este ano a fórmula parece ter agradado ao público, com os números a superarem as expectativas da organização: às 20 horas desta sexta-feira já se tinham vendido nove mil bilhetes e para sábado 12 mil, com 12% dos ingressos a irem para Espanha. Mas, num recinto com capacidade para 30 mil pessoas, continuam a vender-se bilhetes até à última hora.
Cartaz para sábado
Palco Urban
18h45: Leo2745
20h20: Chefin
21h55: L7nnon
23h30: MasKarilha
Palco Authentica
20h: Cian Ducrot
21h25: The Kooks
23h: James
0h45: DJ Padre Guilherme
2h30: André Salvador
Bilhetes
Bilhete diário: 49 euros
Bilhete VIP: 150 euros