Documentário junta gravações antigas, entrevistas e declarações atuais dos irmãos Menendez, presos há 34 anos pelo assassinato dos pais, Kitty e Jose. Carta enviada antes do crime poderá, agora, ditar reviravolta no caso.
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Mais de três décadas depois, um novo olhar sobre o conhecido crime de Beverly Hills. De viva voz, as confissões, as angústias e os argumentos de Lyle e Erik Menendez, que em 1989 mataram os pais, na mansão da família, enquanto eles viam televisão. Aos depoimentos atuais dos dois condenados a prisão perpétua, o realizador argentino Alejandro Hartmann juntou gravações antigas e entrevistas a jornalistas, jurados, familiares e advogados para lançar a produção documental “Os Irmãos Menendez”, que estreou recentemente na Netflix.
A violência do crime, cometido quando os jovens tinham 19 e 22 anos, é tão chocante como as suas primeiras declarações em tribunal. Para a acusação, o homicídio foi premeditado e motivado por aspirações financeiras. No entanto, as explicações dadas, na altura, pelos irmãos são arrepiantes. A vida de luxo e aparente felicidade da família ocultava anos e anos de abusos sexuais, intimidações e ameaças de morte por parte do pai, Jose Menendez, um conhecido empresário da área do entretenimento. As confissões dos rapazes chegaram a outros familiares, que preferiram ignorar o que estava a acontecer.
Os depoimentos deixaram o júri num impasse e, em 1995, houve um segundo julgamento, já sem a apresentação de muitas das provas relativas às agressões sexuais. Os irmãos Menendez acabaram condenados a prisão perpétua e estão a cumprir a pena em cadeias diferentes, na Califórnia. De salientar que uma carta antiga, escrita por Erik a um primo, ainda antes do crime, poderá, agora, ditar a atribuição de uma nova sentença ao caso.
O registo, em tom de desabafo, dá conta dos abusos cometidos pelo pai. “Isto ainda acontece, mas agora é pior para mim. Nunca sei quando vai acontecer. Todas as noites fico acordado a achar que ele vai entrar. Tenho medo", revelou.
O documentário conta com a participação de Joan VanderMolen, tia dos condenados, além de jornalistas que cobriram o caso. “Todos nos perguntam por que razão matámos os nossos pais. Talvez agora consigam entender”, desafiaram os irmãos.