"Isto surgiu por amor ao fado": homenagem de Camané, António Zambujo e Ricardo Ribeiro chega hoje ao Porto

"E agora fado", de António Zambujo, Camané e Ricardo Ribeiro, chega este sábado à Super Bock Arena, no Porto
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"E agora fado", o reencontro ao vivo de António Zambujo, Camané e Ricardo Ribeiro, agora num conjunto de canções dedicadas a um dos géneros matriz da música portuguesa, chega este sábado à Super Bock Arena, no Porto, depois de dois concertos esgotados em Lisboa.
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Concluem-se assim uma série de datas únicas, adiantam os músicos ao JN, momentos que não se deverão replicar e que pretendem celebrar a afinidade artística e humana dos três cantores, mas também o património musical do fado e até do corpo de trabalho de cada um.
A união de esforços e talentos dos três artistas não é nova e surgiu em 2023, quando o trio esgotou vários espetáculos com a sua interpretação única de clássicos da música brasileira. Agora, como o nome do concerto indica, é a vez do fado.
"Isto surgiu por amor ao fado. Da primeira vez que nos juntámos, foi um convite externo, não partiu de nós. E ao fazer um projeto de música brasileira, pensámos que, como correu bem, deveríamos fazer o mesmo com um género musical que está tão ligado à nossa raiz, que é no fundo um dos nossos pilares musicais" explica Zambujo ao JN.
Sobra a escolha de repertório, o cantor explica como aconteceu: "com uns almocinhos..." brinca. Camané adianta: "fomos um pouco ao que ouvíamos quando começamos a ir a casas de fado, os fadistas que eram as nossas referências. O espetáculo também tem muito esse lado, que é a parte da nossa homenagem às nossas primeiras referências", adianta.
O repertório reúne assim fados tradicionais e temas originais, num encontro que celebra a riqueza e a pluralidade da expressão fadista, refletidas também nos músicos que acompanham o trio em palco: José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Bernardo Saldanha na viola de fado e Daniel Pinto no baixo.
Além dos autores consagrados do fado, o concerto inclui "algumas trocas" dos cantores pelos seus repertórios individuais. No final, "o objetivo dos nossos ensaios acabou por ser o controlar um pouco o tempo do espetáculo, porque nos íamos sempre lembrando de mais coisas que queríamos cantar e às tantas já íamos nos 50 temas", dizem os músicos, em tom de brincadeira.
Nas suas carreiras individuais, os três cantores continuam bastante prolíferos, um dos motivos pelos quais intenção é manter o espetáculo por aqui. "É importante cada um seguir o seu percurso; mas quem sabe, daqui a dez anos, se haverá um novo 'E agora", e teremos outra história para contar".
Recentemente distinguido com o prémio de Melhor Álbum de Fado na 7.ª edição dos Play - Prémios da Música Portuguesa, Camané reafirma o seu lugar cimeiro na música nacional. Até às datas de "E Agora Fado", o fadista esteve sempre em digressão, e vai começar, adiantou ao JN, a preparar um novo disco para o ano.
António Zambujo terminou este ano uma digressão de 11 concertos no Brasil, onde partilhou o palco com o consagrado compositor e violonista Yamandu Costa e começará a conclusão do seu novo álbum no final de novembro, logo após o espetáculo do Super Bock Arena. O trabalho deve sair no início de 2026 e sabe-se já que Caetano Veloso estará entre os convidados.
Ricardo Ribeiro mantém-se igualmente em atividade, com digressão e atuações marcantes, tendo passado, ainda ontem, pelo Festival Soul de Inverno em Famalicão.
