Os Pixies eram o nome mais aguardado do primeiro dia da 10.ª edição do NOS Alive e estiveram à altura do que deles sempre se espera. Esta sexta-feira, o destaque vai para os Radiohead, que prometem trazer ao Passeio Marítimo de Algés as canções do novo disco e os clássicos que fazem parte do imaginário dos fãs.
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Os Pixies já cá estiveram mil e uma vezes. Mas ainda assim foram recebidos com entusiasmo. Black Francis e companhia surgiram de fatinho no palco, fizeram uma vénia ao público e só depois se debruçaram nas guitarras. Deixaram quase 30 canções em pouco mais de uma hora de concerto. Como seria previsível, o público foi mais efusivo quando se ouviram clássicos como "Wave of mutilation", "Velouria", "Levitate me" ou "Gouge away".
As peças mais recentes, retiradas do disco "Indie Cindy" ou daquele que sairá no final de setembro, foram recebidas com uma certa frieza. A presença da baixista Paz Lenchantin não passou despercebida e foi notório que a banda se esforçou por esquecer Kim Deal. Saíram do palco depois da flutuação de "Caribou", "Debaser" e "Rock Music".
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O palco principal encerrou com as batidas eletrónicas do duo britânico The Chemical Brothers, que contagiou os resistentes que aguentaram até às 2.30 horas da manhã. E não foram poucos os que se deixaram seduzir pela música de Tom Rowlands e Ed Simons, sempre acompanhados por um espetáculo visual cativante e complexo. No final, uma ovação de milhares que fazia esquecer que esta era uma madrugada de sexta-feira e que, para muitos, ainda havia um dia de trabalho pela frente.
Robert Plant no aquecimento para Pixies
Robert Plant, o histórico vocalista dos Led Zeppelin, subiu ao palco principal do Passeio Marítimo de Algés ao início da noite, para um concerto que teve como ponto alto as canções da sua antiga banda.
Acompanhado pelos The Sensational Space Shifters, Robert Plant arrancou com "The lemon song", composição dos Led Zeppelin de 1969, que daria o mote para pouco mais de uma hora de espetáculo. Sem demoras, percebeu-se que a sua voz continua intocável e que estava acompanhado por uma banda sólida. Mas isso não foi suficiente para colocar o concerto na galeria dos inesquecíveis: na verdade, Plant protagonizou um concerto vagamente frouxo e demasiado brando.
"Black dog", "Babe, I 'm gonna leave you", "Dazed and confused" ou "Whole lotta love" (estas duas últimas integradas em medleys) permitiram uma viagem ao universo dos Led Zeppelin que gerou maior entusiasmo junto do público, mas foram insuficientes para cativar a multidão que ia enchendo o recinto com o cair da noite. Entre as canções dos Led Zeppelin, porto seguro para o histórico vocalista, ouviram-se alguns registos do último trabalho a solo de Plant - "Lullaby... and the Ceaseless Roar", de 2014 - como "Rainbow" ou "Turn it up".
Robert Plant guiou também o público por uma viagem entre sonoridades de inspiração africana e celta que matizaram algumas canções e mergulhou no coração da América com "Fixin' to die", de Bukka White.
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Enquanto Plant se despedia ao som de um clássico "Rock and roll", dos Led Zeppelin, no Palco Heineken ouvia-se o rock frenético e jovial dos Wolf Alice a incendiar o público. O quarteto londrino, em estreia nos palcos portugueses, veio apresentar o primeiro disco, "My love is cool", editado no mês passado, e provou que já tem uma mão cheia de fãs devotos por cá.
A voz doce e intensa de Ellie Rowsell é adornada pelos rugidos das guitarras, uma descarga elétrica recebida em braços pela multidão. "Este é o melhor concerto deste verão, até agora", garantiram. O público rejubilou.
O primeiro grande momento desta edição aconteceu com os Vintage Trouble, uma trupe americana dominada pelo estupendo Ty Taylor, carismático sujeito a lembrar Otis Redding. Tocaram no palco Heineken, instalado numa enorme tenda numa das extremidades do recinto, e deram uma tremenda festa de soul, blues e gospel. O cantor, todo pintas, arrecadou enormes aplausos quando desafiou o público para agir perante as injustiças que ocorrem no mundo.
Antes disso, os primeiros sons no palco NOS - o maior de todos no recinto - foram protagonizados pelos britânicos The 1975, trupe que labora uma pop descomprometida e veraneante, aqui e ali com resquícios de funk. Houve quem os comparasse aos INXS, o que faz todo o sentido.
Ao início da tarde, os estrangeiros, de férias em Portugal, pareciam estar claramente em maioria no Passeio Marítimo de Algés. Segundo a organização, este ano são esperados 32 mil festivaleiros vindos de outros países e a sua presença fez-se logo notar. Em biquíni ou em tronco nu, muitos aproveitavam o sol intenso, enquanto outros exploravam os vários cantos do recinto de telemóvel em riste.
A grande novidade desta edição reside na presença de relva sintética numa área considerável do recinto. Pode parecer um detalhe, mas é algo que está a ser bastante elogiado pelos festivaleiros. Eliminou-se a poeira levantada nas zonas de terra batida e o festival ganhou, e muito, outra cor, outro conforto, outra limpeza.
Pela primeira vez na história do NOS Alive, o festival apresenta lotação esgotada durante os três dias.
