Cantor britânico James Morisson está de volta aos discos e a Portugal. Atua hoje no Douro & Porto Wine Festival, em Lamego, e falou ao JN.
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Lamego acolhe esta noite o regresso de um dos cantores pop-rock mais acarinhados pelos portugueses: James Morrison atua no segundo dia do Douro & Porto Wine Festival, secundado pelos Quatro e Meia e por João Só (com as convidadas Carolina de Deus e Mónica Teotónio).
Há quase seis anos sem editar – o último disco, “You’re stronger than you know”, é de 2019 – Morrison promete trazer todos os êxitos e também alguns temas novos do próximo álbum, a lançar ainda este ano. Ao JN, entre declarações de amor ao nosso país, onde já atuou repetidas vezes e costuma passar férias, ou ao público, o britânico revela como, não sendo apreciador de vinho, apenas pelo nosso se deixa tentar.
A conversa decorre dias depois de sair um dos novos singles, bem acolhido pelos fãs – que lhe perguntam por que demorou tanto tempo? Encaminhamos o repto ao cantor. “Demorei até conseguir o fluxo certo das músicas, estive a escrever mais de um ano, mas não estavam a resultar como queria. Assim, fiz uma pausa, dei tempo para processar tudo o que estava a acontecer na minha vida, ao invés de me forçar, de me colocar como num campo de treino”, explica.
Foi então que começou a “deixar a consciência passar. E as músicas começaram a aparecer. Então, sim, demorei algum tempo, só isso”, conta, fazendo um paralelismo: “É como um bolo, até pode se ter os ingredientes certos, mas se o apressamos, sai mal. E estou feliz porque acho que as músicas soam melhor por ter entendido o que queria e não queria fazer. Foi uma abordagem diferente, mas funcionou”.
Morrison confessa que se sente inspirado por tudo, o tipo de músico que pega constantemente numa guitarra e toca algo. “Agora, se isso se torna numa boa ideia, uma boa música, depende de se capturo o suficiente, ou se tenho a letra certa, a melodia certa e no momento certo”, refere.
Vai ficar tudo bem
Entre os novos singles, o que dá nome ao disco é “Fight another day”, que é sobre recomeços, sobre o sol depois da escuridão. É uma mensagem pessoal ou é sobre o Mundo? “É um pouco de ambos. Tento usar uma linguagem universal, algo com que as pessoas se relacionem. E penso que todos precisamos, às vezes, de um pequeno incentivo, de alguém a dizer que tudo está bem, que se aguentarmos, vai ficar tudo bem. Às vezes, é só isso que precisamos de ouvir para podermos enfrentar o Mundo. E, sim, tinha as minhas próprias batalhas – todos temos, seja trabalho, saúde, filhos, o que for”, adianta.
Passados quase 20 anos desde que Morrison se lançou nos discos com “Undiscovered”, em 2006, o cantor britânico, de 40 anos, passou metade da sua vida nos escaparates, na estrada, a compor. Mas não destaca um momento especial, destaca antes um sentimento. “Acho que, porque faço isto há muito tempo, as pessoas já me conhecem, já estou de alguma forma na memória delas. E a forma como reagem quando me encontram: são sempre tão simpáticas, felizes. Então, é isso a minha coisa favorita, que as pessoas me apreciem, que gostem de mim e que gostem de me encontrar”, diz entre risos.
E acrescenta: “Sabe, sou só um rapaz normal, feliz por poder fazer música, feliz por ter fãs que se identificam com ela e comigo. E sinto cada vez mais isto com o passar do tempo, estou mais em sintonia com quem sou, e o que posso trazer para a mesa. E gosto realmente de compor e de atuar”, adianta, explicando como, ao início, “havia muita pressão para cumprir muita coisa. Agora já não a sinto, só quero escrever músicas boas e cantar bem, tocar as pessoas”.
Animado por voltar
Para o espetáculo de hoje, os portugueses podem esperar temas novos e todos os clássicos: “Estou muito animado por voltar a Portugal, um país de que sempre gostei muito, já passei aí muitas vezes férias, gosto, desde sempre, da vossa cultura, de como as pessoas se juntam, cozinham, convivem. Gosto de tudo, da comida, do vinho – nem adoro vinho, mas do português sim”, confessa, assumindo-se ainda apreciador de fado.
“Vocês, portugueses, têm muita música, e muito variada, música muito diferente, para ouvir”, e também por isso “sabem apreciar boa música”, conclui o artista.
