Cineasta norte-americano Jim Jarmusch atuou este domingo na Casa da Música, no Porto, com o compositor Josef van Wissen.
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Uma folk que se estilhaça em mil ruídos, uma tempestade contida sob luzes azuis e violetas. Eis o concerto de Jim Jarmusch e Jozef van Wissen, que no domingo, na Casa da Música, percorreram parte do seu repertório a dois, incluindo temas da banda sonora de “Só os amantes sobrevivem”, filme realizado por Jarmusch em 2013.
São duas figuras silenciosas e enigmáticas que colaboram desde 2007, quando se conheceram em Nova Iorque. Wissen, neerlandês, compositor minimalista com fixação no alaúde, disse à época, sobre o autor de “Homem morto” (1995), “Café e cigarros” (2003) ou “Flores partidas” (2005): “Jarmusch faz os seus filmes como se fosse um músico. Ele tem sons na cabeça quando escreve os guiões, por isso eles são mais marcados por tons musicais do que por qualquer outra coisa.” Uma cumplicidade automática que resultou, até à data, em três álbuns de originais e a referida banda sonora.
Ao vivo, submergem em reverberação e estática atravessada por um dedilhar contínuo, minimalista e pré-gravado. Acrescentam efeitos de guitarra e alaúde, sons ambientais misteriosos e crepusculares, gerando uma atmosfera cinemática, ora inquietante, ora apaziguadora. Trabalham na repetição/variação, trazendo ecos de vários temas, completando círculos, formando procela elétrica até ao limite da tensão.