Joana Almeirante: "É preciso muita ginástica para se conseguir escrever bem em português"
"Ilusão" é o EP de estreia marcado pelo desgosto amoroso.
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Joana Almeirante começou na música durante a adolescência e não demorou muito a chamar a atenção de vários autores nacionais. Edita hoje o primeiro EP, "Ilusão", que tem direito a concertos de apresentação a 16 de março no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e a 31 na Casa da Música, no Porto.
Quem primeiro lhe abriu as portas para o mundo da música foi o pai, com álbuns dos AC/DC ou The Rolling Stones. "Ele sempre teve muito conhecimento sobre música e passou-me os melhores álbuns e artistas. Aos 12 anos comecei a aprender a tocar guitarra com a ajuda do YouTube. Depois, inscrevi-me numa escola de música, e mais tarde no curso de Jazz do Conservatório."
Viu o primeiro concerto aos 13 anos, as lendas Iron Maiden, mas rapidamente mudou o rumo para a pop. "Comecei pelo hard rock, pelo metal, passei pelo jazz e estou agora na pop. Este processo foi essencial para me encontrar. Não deixei de gostar de nenhum estilo mas encontrei a minha identidade", sublinha Joana Almeirante.
Seis meses após concluir o Conservatório, foi escolhida através de uma audição para participar na banda de Miguel Araújo. "Faço questão de continuar na banda, mas estar a solo é uma experiência muito diferente. Estou a tentar construir o meu caminho. Sinto que aprendi muito a observar o processo do Miguel, em estúdio e na estrada. O que também me ajudou a perceber a minha sonoridade."
Pouco depois foi a voz do tema "Bem me quer", do genérico da telenovela homónima da TVI. "Sou muito pessimista, tenho sempre as expectativas baixas, daí que receber um feedback positivo foi incrível. Fico feliz por ter sido essa a minha canção de lançamento", admite a intérprete.
Joana Almeirante nem sempre colocou a voz em primeiro lugar. Os seus estudos focaram-se na guitarra. "Foi muito engraçado, porque comecei a perceber que as pessoas preferiam ouvir-me a cantar em vez de tocar. E eu pensava, 'Caramba, andei eu a estudar guitarra para as pessoas quererem que eu cante'", lembra entre risos. "Comecei a dar importância a isso e complementei as duas coisas. Mas não veio por mim, foi ao observar o que as pessoas achavam de mim."
Agora que lança "Ilusão", Almeirante diz já estar a encontrar a sua identidade: "Consegui perceber, mais ou menos, qual é o meu caminho. Ainda tenho muito para crescer, mas sinto que este EP foi essencial para o encontrar. Trabalhei com muitas pessoas e experimentei muitas sonoridades".
"Confeti", "A tua namorada", "Bem me quer", "Tão cedo não é amanhã", "Horas longas" e "Mera ilusão" são os seis temas do disco de estreia.
"Mera ilusão" foi a primeira música que escreveu sozinha a ser revelada ao público. Para lá chegar, o processo passou pela poesia e por ouvir muita música, principalmente portuguesa.
"É preciso muita ginástica para se conseguir escrever bem em português", afirma a cantora. "Não é uma língua musical, é muito difícil escolher as palavras certas para o ritmo certo."
As restantes músicas têm autoria de Agir, Bárbara Tinoco, Jorge Cruz e Miguel Araújo.
"Ilusão" fala de um desgosto amoroso. "Não consigo interpretar canções com as quais não me identifico. Acho que só consegues transmitir alguma coisa se te relacionares com a música. Tenho de sentir cada palavra que estou a cantar. Isso é importantíssimo, para não estarmos só a debitar termos."
Joana Almeirante já se encontra a preparar o primeiro álbum, com muitas mais composições de autoria própria. "Este EP foi uma aprendizagem sobre o que quero levar para o álbum. Vou trabalhar na minha faceta de compositora e já vou conseguir trazer a minha identidade, para que todo o processo passe por mim."
A cantora sobe a palco para apresentar "Ilusão" no dia 16 de março no Teatro Maria Matos, acompanhada por Agir, e no dia 31 na Casa da Música com a participação de Miguel Araújo. Bárbara Tinoco estará presente nos dois concertos. "Vou mostrar canções que vão fazer parte do álbum e ainda vamos tocar canções dos convidados", revela Almeirante ao JN.