Plug-in estreou a 29 de setembro, com uma adesão “muito significativa” no primeiro mês e fica no museu até à primavera. Entre filas e excursões, o JN foi saber a opinião dos visitantes.
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Edgar Degas disse uma vez: “a arte não é o que você vê, mas o que você faz os outros verem”. Como toda a arte, subjetiva, a obra de Joana Vasconcelos nem sempre é consensual, mas para os visitantes de Plug-in – a nova exposição da artista portuguesa no MAAT – há clara concordância: e não é só a escala que tende a impressionar, mas o detalhe e o “sentimento” despertado.
O JN foi visitar a nova mostra da artista plástica portuguesa, que abriu a 29 de setembro e fica em Lisboa até março de 2024. Plug-in traz à capital trabalhos de Vasconcelos inéditos, outros já expostos mas nunca vistos por cá. Tudo acontece nos dois edifícios do MAAT, Central e Gallery, sendo notório que o evento está a despertar muita atenção: primeiro nas redes sociais, onde são já muitas as fotos junto das peças colocadas no exterior, como a máscara de espelhos I’ll Be Your Mirror e sobretudo o Anel Solitário. Aqui, jantes de automóvel e copos de uísque dão forma a um anel gigante de noivado e entre os diversos enquadramentos partilhados há já fotos de aparentes pedidos de casamento e até uma empresa de atividades que se propõe, no Instagram, a organizar o pedido perfeito no local.
Também no interior do museu de Belém se nota a atenção: ao longo de uma manhã são repetentes as filas, o movimento, as excursões. Afinal, no currículo da artista – a mais jovem e primeira mulher a expor em Versalhes, com passagens pela Bienal de Veneza e Guggenheim– não há assim tantas mostras individuais em Portugal. E Plug-in traz peças icónicas como A Árvore da Vida com mais de 120 mil folhas e LED bordados à mão, a gigante Valkyrie Octopus e a nova Drag Race.
É precisamente junto a este carro, ornamentado com talha dourada e plumas, que Sofia Fateeva, uma residente em Portugal de origem russa, nos conta como soube da mostra. Em visita ao MAAT com a filha, a jovem diz que trabalha com artistas e por isso ouviu falar da exposição. Para esta visitante, o resultado é impressionante, sobretudo na zona da valquíria. “Parece um conto de fadas, por isso vim com a minha filha. Parece saído de um conto da infância, com o ambiente, as camadas e as texturas”, diz sobre a peça tentacular feita com insufláveis e têxteis.
“Adesão muito significativa”
A adesão do público a Plug-in tem sido “muito significativa”, adianta ao JN fonte oficial da Fundação EDP, sem avançar para já números concretos. As expetativas deverão ser altas: em 2019, mais de 580 mil pessoas visitaram, na Fundação de Serralves do Porto, a exposição antológica de Vasconcelos "I'm Your Mirror”. Em 2018, esta tinha sido a 13ª mostra mais vista em todo o mundo, quando esteve no Guggenheim de Bilbao.
Em Lisboa e no Plug-in, uma ex-estudante de arte, Patrícia Barbosa, de Cascais, diz que adora e sempre adorou, o trabalho de Vasconcelos. “É das poucas artistas portuguesas que são reconhecidas. Gosto do trabalho pela dimensão, os materiais”. Sobre algumas opiniões por vezes díspares do público sobre as peças, remata: “é sempre assim, faz parte do ser artista”.
Entre muitos portugueses e brasileiros, e turistas da Alemanha ou do Reino Unido, vinda de Moçambique Cynthia explica-nos que visita o MAAT com a sua turma de intercâmbio, e muitas das colegas não conheciam a artista – mas saem fascinadas. “É fascinante, é tudo muito bonito, e a todas nos toca de maneira diferente. A cada uma está a despertar sensações diferentes”, frisa.
Mário e Sara de Lisboa, viram primeiro imagens do Plug-in nas redes sociais e declaram-se fãs da “extravagância e dimensão” das peças, combinadas com o nível de pormenor. “Eu sou sincera, como gosto tanto ainda via mais. Acho poucas obras, queria ver mais”, explica-nos Sara.
“Por favor, não tocar”, dizem repetidamente as funcionárias do MAAT junto às peças, quando as mãos mais curiosas, sobretudo de crianças, não resistem a tatear as frágeis plumas ou os bordados. São várias as crianças entre os visitantes – até porque não pagam, comenta um rapaz junto da sua avó. Do seu irmão mais novo, menos de três anos, que chama pela mãe no edifício do MAAT Central, ouvimos sobre a gigante Árvore da Vida o único feedback menos deslumbrado da manhã: “é só uma árvore de Natal!”