Mais de 900 jornalistas franceses denunciaram hoje o "sexismo sistémico que corrói a profissão", apelando à consciencialização das redações para esta matéria e para as respetivas consequências, num texto publicado no diário "Le Monde".
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O artigo surge na sequência do caso "Liga do LOL" ("Ligue du LOL", em francês), o nome como era conhecido um grupo fechado no Facebook composto maioritariamente por homens, parisienses e com formação académica, criado em 2009, que usava as redes sociais para assediar e atormentar "online", e por vezes "na vida real", várias pessoas, principalmente mulheres, nomeadamente feministas, jornalistas e "bloggers".
"Hoje, os alvos da Liga do LOLnão se calam mais e saudamos a sua coragem. Elas tornaram-se as porta-vozes de uma profissão corroída por um sexismo sistémico", afirmaram os signatários deste artigo, escrito pela Prenons la une, uma associação que defende a igualdade profissional nas redações, e a Associação de Jornalistas Lésbicas, Gays, Bi e Trans (AJL).
O mesmo artigo salienta que o caso "Liga do LOL" não é uma exceção. "Não se trata apenas do pequeno ambiente jornalístico de Paris, mas da sociedade como um todo. Ilustra a realidade do domínio masculino fundamentado na cooptação (...) entre homens, brancos e heterossexuais", prosseguiu o mesmo texto.
No artigo apelam ainda à consciencialização das direções dos órgãos de comunicação social para este assunto, exigindo o fim deste espírito de cooptação que só beneficia "quase exclusivamente uma única parte da população".
No caso "Liga do LOL", revelado no passado fim de semana por uma investigação jornalística do diário francês Libération, uma dúzia dos participantes do grupo, em que estavam integrados jornalistas de várias publicações, incluindo do próprio Libération, foram suspensos ou afastados das respetivas atividades.
Segundo testemunhos agora tornados públicos, algumas vítimas também foram assediadas sexualmente, uma vez que os membros deste grupo publicavam nas redes sociais fotografias das vítimas nuas sem o seu consentimento.
Algumas vezes, as imagens das mulheres foram pirateadas pelos participantes do grupo "Liga do LOL".