Após 40 anos, cantor e compositor volta ao rock sinfónico e recria ao vivo o mítico álbum "10 mil anos depois entre Vénus e Marte". No concerto deste sábado terá em palco a Orquestra do Norte.
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O Multiusos de Guimarães recebe este sábado à noite a recriação de José Cid do seu mítico álbum “10 mil anos depois entre Vénus e Marte”, ópera rock lançada em 1978. Na Cidade Berço, o artista entrará em palco às 21.30 horas e terá consigo um octeto e a Orquestra do Norte. Antes de mergulhar em Vénus e Marte, vai aquecer o público com temas do seu recente disco, o 25.º da carreira, “Vozes do além”, editado em 2021.
O prato forte é esse épico de rock progressivo com ambições sinfónicas. “Neste trabalho, 40 anos depois, a minha voz está ainda melhor do que estava quando gravei o ‘10 mil anos’”, avalia o artista. “Não é que a voz tenha melhorado com a idade, embora se conserve muito boa, com alguns cuidados”. A explicação, diz Cid, “é a qualidade dos poemas de Natália Correia, de Sophia, de Garcia Llorca”.
O cantor e compositor admite que, apesar do esforço que colocou em “10 mil anos depois entre Vénus e Marte”, abdicando de qualquer receita para poder levar o projeto para a frente, “o trabalho não foi compreendido”.
No fim da década de 1970, em Portugal ainda se vivia o rescaldo do 25 de Abril de 74 e o tempo era para os cantores de intervenção. Assim, lançar um álbum que fazia lembrar os melhores trabalhos dos Pink Floyd ou a sonoridade dos Moddy Blues, era estar muito à frente - e o disco veio a destempo.
“Agora, este ‘Vozes do além’ foi bem recebido e houve gente que foi procurar o ‘10 mil anos’ depois de o ouvir”, afirma José Cid.
O reconhecimento pode não ter sido imediato e não se traduziu em vendas, mas o certo é que “10 mil anos depois entre Vénus e Marte” ficou para a história como um dos melhores álbuns de sempre no género do rock sinfónico, atestam revistas como a Billboard ou a Sputnik Music Magazine UK.
Aos 82 anos, José Cid só pensa em trabalhar e critica os artistas “que fazem dos concertos uma seca”. Em Guimarães, promete animação, mas vai avisando “os que vierem para ouvir a ‘Cabana junto à praia’: desenganem-se!”.
No concerto que deu em Lisboa em fevereiro, “80% da malta sabia ao que vinha, havia gente nova, muitos universitários e 20% vinham enganados. Mas descobriram uma coisa nova e saíram dali a cantar as músicas todas”.
O preço dos bilhetes para o espetáculo deste sábado no Pavilhão Multiusos de Guimarães varia entre os 30 e os 45 euros.