“Amigos da treta” regressam ao Teatro Villaret para uma temporada de verão e voltam depois a partir em digressão nacional. Ator explica o sucesso ao JN.
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Depois de Lisboa, com cinco meses de datas sempre esgotadas, houve um extenso périplo pelo país; agora, o palco é novamente a capital, para uma nova temporada especial de verão. Os “Amigos da treta” voltam a ocupar, a partir desta quinta-feira, o Teatro Villaret, esperando repetir um sucesso que levou a constantes expansões geográficas e de datas no seu calendário de humor.
O ator José Pedro Gomes, que aqui partilha o palco com o colega e amigo Aldo Lima, explica ao JN a singularidade deste sucesso. “Tem sido de facto uma coisa incrível, sobretudo em Lisboa. Nunca estive num espetáculo que estivesse sempre esgotado, e aconteceu com este, e durante cinco meses”, admite. Quanto aos motivos, entende que se explicam, em primeiro lugar, com uma evidência: “Isto já é uma ‘marca conhecida’”, ironiza o ator de 73 anos.
Isto porque, os “Amigos da treta” são, na verdade, uma “sequela”: houve a “Conversa da treta”, no final dos anos 1990, com António Feio, depois, o “Filho da treta”, com António Machado, e, ainda, o “Casal da treta”, com Ana Bola. “E ainda havemos de fazer uma versão com os netos”, atira o ator, que esteve sempre presente em todas as temporadas.
Com Aldo Lima em particular, José Pedro Gomes partilha palcos há já mais de dez anos, com múltiplos e variados projetos: ainda no ano passado estiveram também juntos com “Pela ponta do nariz”. “Damo-nos muito bem, sim, e o Aldo construiu, com este seu Jóni, uma personagem mesmo muito boa. Penso que isso também explica a adesão das pessoas”, refere. Tal como a equipa dos escritores de textos, que o ator faz questão de referir e de nomear – Filipe Homem Fonseca, Mário Botequilha e Rui Cardoso Martins –, e que são os mesmos desde a “Conversa da treta” inicial.
Aqui, os amigos são Zezé (José Pedro Gomes) e Jóni (Aldo Lima). Jóni regressou de Erasmus e confronta Zezé com uma nova realidade: a era digital. Nas suas conversas dinâmicas cabem vários universos: a inteligência artificial e a igualdade de género, o mundo dominado pelo digital e pelas redes sociais e influencers, os gurus do coaching e do lifestyle, os cigarros eletrónicos e a kombucha. “É material que nunca mais acaba”, reconhece o ator.
“Nós também demos umas ideias aos autores. Coisas vagas, temas gerais, eles foram trabalhar isso e trouxeram, passado uns tempos, a base do guião, que voltámos a trabalhar, cortar, acrescentar coisas nossas, e é o que está agora em palco”, refere.
Ainda vem aí a tournée
Na narrativa, quando Jóni regressa do estrangeiro, Zezé, que nunca esqueceu o amigo – excetuando o nome, a cara, a voz, o penteado e o local propriamente dito onde ele morava –, volta a colocar a conversa em dia.
Há, então, quase uma inevitabilidade no texto, com ambos a recordarem o passado, com a graça “de o presente ser um passado que está a acontecer naquele preciso momento”.
“Sim”, destaca José Pedro Gomes, “é um passado que se está agora a passar e que, portanto, já foi”, acrescenta entre risos. É quase filosofia? “Exatamente. A conversa da treta é também filosofia. Alguma barata, alguma bem mais cara”, volta a brincar.
A peça andou durante vários meses pelo país, tendo passado pelo Porto, Águeda, Ílhavo, Covilhã e Alcácer do Sal. Agora fica no Villaret de Lisboa durante os meses de julho, agosto e até meio de setembro. De seguida, garante José Pedro Gomes ao JN, e embora não haja ainda datas divulgadas, é certo que a história dos “Amigos da treta” se repetirá – e que “ainda vem aí uma nova digressão nacional”.