Novo espetáculo flamenco da Estévez/Paños y Compañia chega a Lisboa este sábado e é imperdível.
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Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Flamenco (16 de novembro), efeméride criada pela UNESCO em 2010 para exaltar a importância internacional desta cultura, o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, recebe o espetáculo “La Confluencia”, da Estévez/Paños y Compañia.
A companhia cumpre este ano duas décadas e tem dos percursos mais consistentes no mundo do flamenco – que culminou na atribuição do Prémio Nacional de Danza, em 2019.
É inegável que na presença de Rafael Estévez e Valeriano Paños se reconhece preparação e desenvolvimento. Em qualquer dos espetáculos que apresentam, são sempre visíveis as horas de trabalho que ali foram investidas. Não optando por caminhos de bufonaria balofa, que resultam em aplausos fáceis, mas primando por uma sobriedade desarmante.
O virtuosismo, também no flamenco, muitas vezes mercantilizado como fanfarronice, graça e “salero”, principalmente para estrangeiro ver, não tem aqui qualquer cabimento.
Esta estrutura montada em Córdoba faz extensas investigações antes de apresentar uma nova produção, como é o caso de “La confluencia”. Ainda que o empenho seja visível, não é um exercício pedagógico entediante. O flamenco como entroncamento de culturas ciganas, árabes e judias pode, nos dias de hoje, ter uma ressonância ainda maior no público.
Apesar de respeitar os códigos flamencos musicais, o coletivo opta por uma linguagem estética contemporânea, visível no uso do espaço e nos cânones e repetições aplicadas.
Nos espetáculos que criaram nestas duas décadas, têm feito parte de relevantes programações espanholas e internacionais, dando a conhecer as suas criações em palcos de destaque.
A dupla tem também uma notável carreira como assistentes artísticos e coreógrafos-fantasma de outros nomes maiores do flamenco como Rocío Molina, Olga Pericet, Antonio Canales, Rubén Olmo, Alfonso Losa, Manuel Liñán ou Marco Flores.
“La confluencia”, que sobe ao palco do CCB este sábado, com récita às 19 horas, é, sem ambiguidades, um dos espetáculos do ano.