Colecção em Banda Desenhada de romances de Agatha Christie ultrapassa já uma dezena de títulos. O mais recente é este "Jogo macabro".
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E de forma paulatina, a coleção que a editora Arte de Autor dedica às adaptações em BD dos romances policiais de Agatha Christie (1890-1976), acaba de ultrapassar a dezena de volumes.
Se dela constam já o célebre “No início, eram dez…” e obras protagonizadas por Miss Marple ou por Tommy e Tuppence, também conhecidos como os Beresford, a verdade é que, como seria expectável, é o detetive belga Hercule Poirot que protagoniza a maior parte delas, sete no total, incluindo já este “Jogo macabro”, o décimo primeiro tomo da coleção, recém-editado.
Como era apanágio da escritora britânica, também neste caso a trama está longe de seguir os cânones do género ou situações triviais, tomando como ponto de partida original um assassinato fictício a ser resolvido pelos visitantes de uma quermesse, enigma esse que, no entanto, rapidamente dará origem a um cadáver, transformando-se a situação hipotética num verdadeiro crime.
Presente para, de alguma forma, servir de júri ao inusitado desafio, a convite da organizadora, uma velha amiga sua, e assumindo depois as despesas da investigação, o detetive de pequena estatura e cabeça em forma de ovo vai ter de interpretar o que lhe vai sendo dito, distinguindo entre verdades, meias verdades e absolutas mentiras, estudando posturas corporais e atitudes e gestos que à maioria passam despercebidos, para descobrir o(s) culpado(s), num ambiente senhorial que evoca tempos passados e exibe uma aristocracia em plena decadência.
Como é inevitável nos relatos do género, nem tudo o que parece é e nem todos se apresentam como realmente são, podendo o leitor acompanhar o detetive nas suas deduções e, quem sabe, chegar à solução antes dele a expor.
A adaptação do original, o desenho e a cor são da responsabilidade de Marek, que já tinha assinado a ilustração de outro volume desta coleção, “Hercule Poirot: Encontro com a morte”.
Com um traço semicaricatural, mais à-vontade na representação dos cenários do que do corpo humano bem proporcionado, e com uma paleta de tons suaves, Marek consegue concretizar o que nestes casos é fundamental: fazer com que a trama original funcione de forma autónoma no suporte escolhido, a banda desenhada.