<p>Se durante a maior parte do ano Gonçalo Pina, de 32 anos, passa o seu tempo entre as quatro paredes da empresa de design de comunicação que dirige, quando chega o Verão é certo e sabido que, nos dias em que o mar e o tempo estão propícios, é mais fácil vê-lo na praia, em Espinho, a dar aulas de surf.</p>
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Nos dias de sol, Gonçalo Pina vive rodeado de jovens de pranchas de surf e de bodyboard em punho a aprender a apanhar boas ondas, a conhecer as correntes como ninguém, a fazer as manobras mais radicais e sobretudo a passarem um bom tempo de Verão.
Surfista há cerca de 20 anos - na verdade, é um dos mais velhos praticantes de surf de Espinho - Gonçalo Pina chegou a competir no campeonato nacional, tendo, mesmo alcançado, certo ano, a 7.ª posição.
Lá fora, as ondas da Nova Zelândia, que experimentou durante dois meses,mal terminou a tese de licenciatura em Engenharia Publicitária, seduziram-no de tal forma, bem como a forma profissional como eram ali transmitidos de geração para geração os saberes centenários da arte do surf, que se sentiu inspirado a levar por diante um sonho antigo: criar a sua própria escola de surf em Espinho. "É uma das melhores praias para se praticar surf. É ali que temos as melhores ondas de direita do país", explicou. "Não é à toa que todos os dias, entre as 6.45 e as 8 horas, por lá se vêem à vontade 30 surfistas a praticar. Eu próprio, sempre que posso, mesmo no Inverno, levanto-me às seis, vou para o mar, e às oito já estou no escritório", acrescentou.
Há três anos, então, nasceu a escola de surf Atitude, criada em conjunto com o irmão Eduardo Pina, professor de Educação Física, e ainda um amigo, André Araújo, funcionário de uma agência financeira. Curiosamente, no dia da inauguração, a escola foi benzida pelo pároco de Espinho, José Pedro Azevedo, aquele que é, pelo menos que se saiba, o único padre surfista de Portugal.
A ligação à paróquia é, também por isso, forte. Daí nasceram as aulas gratuitas para crianças carenciadas do concelho e os dias de actividades com crianças portadoras de deficiência.
Sob o ponto de vista financeiro, Gonçalo Pina não nega que a vertente económica também é importante na prossecução deste sonho. "Temos tido uma média de 500 a 600 alunos por Verão, mas garanto que temos de trabalhar muito para ganhar bem. De qualquer forma, a bem da verdade, o que me motiva mesmo é poder estar a trabalhar, a ganhar dinheiro, claro está, mas a fazer algo que gosto muito e do qual tiro um imenso prazer", concluiu.
de 32 anos, designer de profissão e empresário, passa os dias de Verão, no mar de Espinho, a ensinar miúdos e graúdos a conhecer as correntes, a apanhar boas ondas e a fazer manobras radicais em cima de pranchas de surf