Laurie Anderson em exclusivo no Teatro Municipal do Porto, que "aposta forte" na música
São 33 espetáculos, de setembro a dezembro, de várias artes e artistas, com focos em Niño de Elche, Lander Patrick, Marlene Monteiro Freitas, Gonçalo Amorim, Marco da Silva Ferreira e Laurie Anderson - a artista de 78 anos atua duas vezes em novembro com o quarteto de jazz Sex Mob, no novo espetáculo “X²”.
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A nova temporada do Teatro Municipal do Porto arranca em setembro com uma programação que faz uma “forte aposta” na música e com vários espetáculos de dança contemporânea e teatro, anunciou a Ágora, empresa municipal de cultura.
A nova temporada traz até aos palcos da cidade dois concertos da lendária cantora e compositora norte-americana Laurie Anderson e também a estreia de “José Afonso, ao vivo nos Coliseus, 1983”, revisitação dos derradeiros concertos do compositor português, por Gonçalo Amorim.
Ainda na programação musical, colocada em destaque nesta nova temporada, há a apresentação de um projeto colaborativo da dupla Raül Refree & Niño de Elche, a performance musical “WonderLandi”, de Lander Patrick, o concerto comentado “Não se canta à mesa”, de Ana Madureira & Vahan Kerovpyan, e mantêm-se os concertos mensais do ciclo Understage.
Marlene Monteiro Freitas a abrir
A temporada 2025/2026, que vai apresentar um total de 33 espetáculos até ao final de dezembro, abre a 19 de setembro com “Nôt”, de Marlene Monteiro Freitas, que se estreia no próximo sábado, na abertura do Festival de Avignon, numa edição que tem a coreógrafa cabo-verdiana como artista cúmplice.
No mesmo mês, no dia 27, há a estreia nacional de “Asses.masses”, de Patrick Blenkarn & Milton Lim, um “espetáculo com quase oito horas, um videojogo personalizado e concebido para ser jogado ao vivo pelo público”, informou a empresa municipal em comunicado.
Em outubro é apresentado o espetáculo “Amores perros (parte 1)”, das codiretoras da Plataforma UMA. No mesmo mês, Joana Magalhães e Mafalda Lencastre & Lígia Soares estreiam dois espetáculos, a performance “Matilha” e a peça “Underdog”.
Em novembro é apresentado “Umuko”, de Dorothée Munyaneza / Cie Kadidi, produção para a qual foram convidados jovens artistas, poetas, dançarinos e músicos do Ruanda para contarem histórias através do corpo, da poesia, da música e do canto.
Laurie Anderson traz jazz
Novembro marca o ponto mais alto da temporada com os dois concertos exclusivos em Portugal de Laurie Anderson, nos dias 12 e 13 de novembro, no Teatro Rivoli. A artista de 78 anos atuará com o quarteto de jazz Sex Mob, no novo espetáculo “X²”.
Uma das vozes mais influentes da arte contemporânea e da música eletrónica dos últimos 40 anos, a compositora e performer norte-americana, amplamente reconhecida pela sua carreira inovadora na interseção entre música, tecnologia e artes visuais, consagrou-se internacionalmente com o single “O Superman” (1981), um marco da música experimental que alcançou o Top 10 no Reino Unido. Desde então, a obra de Laurie Anderson tem desafiado fronteiras estéticas ao integrar violino elétrico, vocoder, narrativa e instalações multimédia.
Com uma abordagem simultaneamente poética e tecnológica, explora temas como memória, identidade e linguagem, com destaque para colaborações com artistas como Kronos Quartet, Brian Eno e o seu ex-companheiro Lou Reed, criador dos Velvet Underground falecido em outubro de 2013, aos 71 anos.
Ainda em novembro estreia “José Afonso, ao vivo nos Coliseus, 1983”, "uma abordagem contemporânea inspirada no Gig Theatre, forma híbrida que funde energia dos concertos ao vivo com a narrativa teatral", numa reinterpretação de Gonçalo Amorim do Teatro Experimental do Porto.
No mês de dezembro, o coreógrafo Marco da Silva Ferreira estreia “F*cking future”, uma “exploração instigante e coreográfica de temas como militância e militarização, virilidade e violência, e a complexa interligação entre sistemas patriarcais e afetos”.
O Auditório do Campo Alegre volta a ser palco das Quintas de Leitura e há três sessões programadas: a 2 de outubro, a sessão “Não há melhor lugar para meditar do que a cauda de um tufão”, sobre a obra de Jorge Sousa Braga; a 6 de novembro, “Uma criança desenhou uma nuvem e começou a chover”, e a 18 de dezembro, “O futuro de Portugal depende de dez homens e de um bom guarda-redes".
Programa de "jogadas ousadas"
Citado pelo comunicado de anúncio da nova temporada, Drew Klein, diretor artístico do Teatro Municipal do Porto, afirma que "o programa não é tranquilo, porque o Porto não é uma cidade de temperamento recatado".
Segundo Klein, "estes meses estão repletos de jogadas ousadas, grandes ideias e gestos enfáticos – alimentados por um espírito há muito enraizado na alma da cidade", com "artistas cujas criações demonstram a possibilidade de a arte despertar algo vital na sociedade”.
A relação do Teatro Municipal com as estruturas do Porto também se mantém, acrescenta o comunicado, "com as portas abertas a festivais como o FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto, assim como as parcerias com a Medeia Filmes, a Instável – Centro Coreográfico, no ciclo Palcos Instáveis, com Amplificasom, Lovers & Lollypops e Matéria Prima no Understage".
Com coprodução do Teatro Municipal do Porto, o ciclo Palcos Instáveis apresenta, dias 25 e 26 de setembro, as estreias de “Prima Rosa”, de Eríc Amorim dos Santos; e “Final girl”, de Rui Paixão & Rina Marques.
Na edição de dezembro, dias 5 e 6, estreiam “Man-Man”, de Tiago Miguel; e “Algures numa mutação feérica”, de Flávio Rodrigues.
Alan Licht no Understage
Outra das parcerias do TMP é com a companhia Erva Daninha para o ciclo Mostra Estufa. Em novembro, dias 28 e 29, estreiam “Lutum”, de Arrel Guevara; “Infinito”, da Cia Juan Fresina Scotto; e “Diaphana”, de
Jessica Lane.
O primeiro concerto do Understage, sub-palco dedicado à música experimental e ao underground, acontece no dia 19 de setembro, em parceria com a Amplificasom, e apresenta Alan Licht, guitarrista, compositor e explorador sonoro de pop, noise e free jazz, que regressa à Europa com o novo disco “Havens”.