Fundador da banda rock Sonic Youth passou pelo festival documental Porto Post Doc e estará este sábado em Braga para homenagear a artista plástica portuguesa Lourdes Castro.
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“Mais do que sermos estrelas, condição que geralmente dura pouco, apostamos em ter carreiras sólidas e longas. Os Nirvana foram globais porque eram uma banda focada num certo registo. Os Sonic Youth inseriam demasiado noise e experimentalismo para atingirem esse nível de popularidade”.
Foi esta a resposta de Lee Ranaldo a uma pergunta sobre estrelato de um espectador de “Hello hello hello: Lee Ranaldo: Electric trim”, esta quinta-feira à noite, no cinema Passos Manuel, no Porto, no final de uma sessão do Porto Post Doc.
O festival de cinema documental termina este sábado com a exibição de “Roma”, de Federico Fellini, e outros documentários a concurso.
Os vencedores desta 11.ª edição do certame serão também conhecidos no sábado à noite, a partir das 20 horas, numa sessão no Batalha Centro de Cinema.
Todas as luzes são sombras
Cantor e guitarrista fundador dos Sonic Youth, figura de proa da ‘no wave’ de Nova Iorque, Ranaldo estará sábado, às 18 horas, no Gnration, em Braga, para apresentar “All lights are shadows”, espetáculo criado com a artista multimédia Leah Singer para homenagear a obra da artista plástica Lourdes Castro. Mestre das sombras e silhuetas, Lourdes Castro é um dos nomes fundamentais da arte contemporânea do século XX.
Ao longo de 91 anos de vida, a artista portuguesa concebeu uma vasta e inovadora obra, destacada pelo uso de materiais translúcidos, que brincam com a perceção da sombra e da luz, e questionam a essência dos objetos - diz a organização do evento.
Uma obra crucial que cativou e inspirou diversos artistas, incluindo Leah Singer e Lee Ranaldo, que a homenageiam no espetáculo "Contre jour", com a apresentação de "All lights are shadows". Os bilhetes para a sessão na Blackbox do Gnration custam 15 euros.
Tributo à criatividade partilhada
A passagem de Lee Ranaldo pelo Porto prendeu-se com a exibição de dois documentários de Fred Riedel focados no seu processo de criação musical.
O primeiro é essencialmente um videoclip psicadélico de 13 minutos para o tema “Blackt out”, interpretado com a sua banda rock The Dust, que incluiu na bateria Steve Shelley, dos Sonic Youth.
Já o segundo, uma longa-metragem, documenta a construção do álbum “Electric trim” (2017), que contou com a produção de Raül Refree.
Duas ideias fortes sobressaem: a de uma criação aberta ao erro, ao serendipismo e ao improviso. E também o tributo à criatividade partilhada, ao enriquecimento que outras perspetivas poderão trazer à obra, caso do álbum em apreço, que contou com uma plêiade de outros músicos.