Até 19 de julho, o auditório local recebe dezenas de concertos. Este sábado é a vez do mítico guitarrista norte-americano subir ao palco Festival Internacional de Música de Espinho.
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A abrir o verão, o Festival Internacional de Música de Espinho (FIME) regressa com uma programação eclética, ambiciosa e inspiradora, que atravessa séculos de música e desafia fronteiras estilísticas.
Na sua 51.ª edição, o FIME reafirma-se como um espaço onde tradição e inovação convivem em harmonia, uma porta aberta para mundos inesperados. O grande destaque deste ano acontece sábado, com a estreia do novo projeto de Al Di Meola, uma das maiores referências da guitarra das últimas décadas.
Conhecido pelo seu virtuosismo e pelo cruzamento ousado entre o jazz, música clássica e world music, Di Meola apresenta a versão acústica de “Twentyfour” — álbum nascido durante o confinamento, marcado pela introspeção e procura de novas linguagens musicais. O resultado é uma experiência intimista, onde o virtuosismo dá lugar à nuance, à respiração entre notas, àquilo que se sente mais do que se explica.
Com uma carreira iniciada nos anos 1970 ao lado de Chick Corea no lendário “Return to forever”, Al Di Meola construiu um percurso singular, explorando as possibilidades infinitas da guitarra como veículo de expressão emocional e intelectual. A sua presença no FIME é não só um privilégio, mas um verdadeiro acontecimento musical.
Domingo, o festival vira-se para os mais novos e para os mais curiosos com o sexteto de sopros neerlandês Coloquio 6, que leva ao palco “A flauta mágica”, de Mozart. A obra, além de encantar pela música luminosa e personagens mágicas, é um espelho dos ideais do Iluminismo: razão, fraternidade e liberdade simbolizadas pelo poder transformador do canto.
No mesmo dia, o coletivo Ars ad hoc convida-nos para uma viagem pela música de câmara do século XX. Do sensualismo impressionista de Debussy à densidade espetralista de Tristan Murail, o programa propõe um diálogo entre épocas, escolas e revoluções estéticas.
A diversidade programática do FIME mantém-se firme até julho. No dia 27, a Camerata OCE, o clarinetista Martin Fröst e o violinista Daniel Rowland celebram a música popular da Europa Central, enquanto no dia 28, Lea Desandre e Thomas Dunford desvendam três séculos de canções de amor em francês — do requinte barroco ao charme melancólico de Barbara e Françoise Hardy. O ensemble Anacronía, jovem agrupamento espanhol, presta homenagem à linhagem Bach (dia 29) e fecha junho. Mas, até 19 de julho há muitos concertos no Auditório de Espinho.