Associação que vai liderar projeto ainda não foi criada. Autarca diz ao JN que “este ano já se trabalhou muito”. Turismo do Alentejo espera ver aumento de visitantes já em 2024.
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Um ano depois de ter sido anunciado que Évora será a Capital Europeia da Cultura em 2027, continua por criar a associação pública que irá gerir todo o projeto. Segundo apurou o JN, o despacho do Governo só deverá ser publicado em “Diário da República” esta semana.
Além da Câmara de Évora, que lidera o processo, a associação irá integrar diversas entidades como o Turismo do Alentejo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Universidade de Évora ou a Fundação Eugénio de Almeida.
Em declarações ao JN, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, refere que, apesar de a associação ainda não ter sido criada, “não houve nenhum interregno” no trabalho de preparação da Capital Europeia. A equipa de missão liderada por Paula Garcia “está a fazer o trabalho operacional de concretização” do projeto, diz o autarca.
Depois de publicado o despacho para a constituição da associação, as diversas entidades terão de “ajustar” os estatutos e criar um conselho consultivo, “com uma componente científica e outra cultural”, composto por associações e agentes culturais.
“Gostaria que a associação estivesse constituída e a funcionar durante o primeiro trimestre de 2024. Veremos se isso será possível, apesar dos processos burocráticos”, desabafa o autarca.
Artistas: preferência para quem deixe raízes
No início do próximo ano deverá igualmente ser lançamento um “aviso” dirigido a artistas e produtores locais e regionais “para candidatarem projetos” à Capital Europeia da Cultura. Será atribuída “preferência” a iniciativas que “possam criar raízes no território, densificando o tecido cultural de Évora e do Alentejo”.
Ainda de acordo com Carlos Pinto de Sá, “este ano já se trabalhou muito” para pôr de pé Évora 2027, sendo que a escolha da cidade “deu-lhe, desde logo, uma grande visibilidade nacional e internacional”.
O autarca revela ainda que o município “tem recebido contactos de várias partes do mundo, por pessoas e instituições interessadas no nosso projeto cultural”.
Há 49 milhões para gastar
Entretanto, o Governo e a Câmara de Évora já assinaram o protocolo de apoio de 34 milhões de euros da Administração Central. Os primeiros dois milhões entram já em 2024. O orçamento global de Évora 2027 é de 49 milhões.
Nesse bolo orçamental total, a dotação financeira de Évora 2027 integra 15 milhões do Orçamento do Estado, 10 milhões de fundos europeus, quatro milhões do Turismo, cinco milhões para territórios envolventes e os restantes 15 milhões são subscritos pelo município e parceiros.
Vagar: eis a ideia central
A ideia central da Capital Europeia está ancorada no conceito de “vagar”, uma aposta que o ministro da Cultura classifica como “muito estimulante”.
Para Pedro Adão e Silva, a ideia de vagar “contrasta com o tempo e o ritmo das nossas vidas, e mostra como a cultura pode ter a capacidade de transformar as identidades individuais e coletivas e revelar um país e uma região rica e diversa”.
Alentejo espera mais visitantes já em 2024
Enquanto isso, o Turismo do Alentejo já começou a preparar um plano de acolhimento para os milhares de visitantes que são esperados em Évora em 2027. Mas a perspetiva de um “crescimento substancial da procura turística” já é esperada a a partir do próximo ano. “Iremos ter, principalmente em 2027, uma enchente de pessoas em Évora, com grandes picos sobretudo no dia de inauguração e nalguma programação específica,”, diz ao JN o presidente do Turismo do Alentejo, José Santos.
O responsável considera que o setor “tem uma responsabilidade enorme em garantir que vai entregar uma experiência memorável, uma estadia inesquecível aos turistas portugueses e estrangeiros que acorram à cidade nesse ano”.
José Santos assinala que “já se nota um grande aumento da notoriedade da cidade e do Alentejo” a nível internacional. “O facto de a cidade ser Capital Europeia da Cultura desperta a atenção dos media nacionais e internacionais. Portanto, mais visibilidade traz mais visitação. E é também expectável que a oferta se adapte – vamos ter obras de remodelação nos hotéis, vamos ter a abertura de novas unidades”, conclui.