O apresentador David Letterman abordou a vida depois da televisão, confessando que não vê "talk shows", nem o próprio "Late Night", agora de Stephen Colbert.
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David Letterman abordou a vida depois da televisão, confessando que não vê nenhum "talk show", nem o próprio "Late Night", agora apresentado por Stephen Colbert. O retirado apresentador, em entrevista à "Vulture", explicou que não tem interesse em ver programas do género depois de ter liderado o formato durante 30 anos com uma "devoção cega ao projeto." Letterman brincou ainda dizendo que não pode "ficar acordado até tão tarde."
Temos de descobrir uma forma de nos protegermos dele [Trump]. Nós sabemos que ele é maluco
Ainda assim, o apresentador de 69 anos não evitou falar de Donald Trump, quase pedindo para que o ouvissem: "Eu conheço o tipo [Trump] desde os anos 80. Como é que elegemos um tipo com aquele cabelo? Por que não investigamos isso? Tenho medo de que me tenha acontecido alguma coisa a nível hormonal. Não consigo parar de falar. Receio que, se ainda tivesse um programa, muitas vezes dir-me-iam: 'Estamos a gastar muito dinheiro na edição, Dave. Se pudesses falar só durante uma hora, agradecíamos."
Letterman revelou ainda de que maneira se pode fazer oposição ao presidente dos Estados Unidos: "Estou cansado de ver as pessoas perplexas com tudo o que diz. Temos de parar com isso e descobrir uma forma de nos protegermos dele. Nós sabemos que ele é maluco. Temos de tomar conta de nós". Uma das maneiras, refere o antigo apresentador, é através da comédia. E referiu ainda que "Alec Baldwin merecia uma Medalha Presidencial da Liberdade pelas suas imitações": "Tristemente, não a vai ter vinda deste presidente."
Quando questionado sobre se sente saudades de estar "no ar", Letterman confessou que se ainda tivesse o programa estaria com um discurso idêntico até "cair da cadeira abaixo". Por isso, o norte-americano prefere forcar-se na família. "Um dia normal para mim é dedicado ao meu filho [de 13 anos] e à minha mulher. A minha agenda depende da deles. Faço também viagens de negócios, relacionado com trabalho pro bono. Mas principalmente o que faço é sentar-me na ponta da cama e ficar pasmado a olhar para o chão."
David Letterman confessou ainda que a pessoa que mais gostaria de ter entrevistado era Bob Marley, "por ser o maior ícone da indústria da música na altura" e por ter surgido a partir de circunstâncias desesperantes. Quanto a entrevistar alguém vivo, Letterman regressou a Donald Trump. "Dizia-lhe: 'Fez isto e aquilo. Não se sente estúpido por ter feito essas coisas, Don? E este Steve Bannon, por que é que quer alguém neonazi como um dos seus conselheiros? Vamos lá, Don, ambos sabemos que está a mentir. Agora, pare com isso", frisou.